22.7.16

Um beco hifenizado

Esta tarde, sob uma tabela de cotações, fui escrevendo a lápis "quando deixamos de conseguir acompanhar a mudança"; vejo agora que melhor teria sido ter escrito "lidar com a mudança", pois o que se nos exige não é uma atitude estética, mas, sim, um comportamento útil... e a ideia fazia-me mergulhar num beco-sem-saída - um beco hifenizado para que não haja espaço de fuga. 
Entre parênteses escrevera " E a mudança, a cada dia que passa, é mais frequente e mais exigente". Sim, porque o terrorista já não precisa de atravessar qualquer fronteira, nem de se esconder sob a ideia da autodeterminação coletiva. Já não são necessários tambores de aviso, porque o sinal interior pode deflagrar a qualquer momento. Ao contrário do que se diz, o terrorista não é lobo solitário porque ele não tem fome, ele apenas se quer autodeterminar - autodeterminar-se a si próprio de forma ruidosa; o dia chegará em que o fará de forma silenciosa...
Apercebo-me, agora, que, sob a tabela de cotações, acrescentara: "No entanto, quando esperávamos percorrer resignadamente o caminho em falta, surgiam vozes a bater à porta, desesperadas, convencidas de que poderíamos ser o abrigo derradeiro. Solução pontual, porque só dura o que falta percorrer do caminho. Do lado de lá, pode haver saída, mas só para quem quiser fazer parte da mudança."
O problema é que no beco hifenizado não é possível avançar nem recuar. Talvez o Dédalo ainda nos possa ajudar! 

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