4.10.16

Tal como as línguas, o saber é dinâmico

A investigação nas áreas do conhecimento cresceu de tal forma que o saber pressupõe cada vez menos certezas e, principalmente, exige uma abordagem cada vez mais relativizada, porque, apesar da overdose informativa, há sempre dados que escapam ao sábio...
É até questionável se ainda existem sábios, apesar dos governos, por vezes, apostarem em comités de sábios para, supostamente, se aconselharem aos olhos da opinião pública.
Como tal, não faz sentido a memorização de saberes, a não ser que se queira construir um modelo de sociedade ( e de conhecimento) assente em dogmas... Claro que é possível ( e vantajoso) adquirir certos automatismos, como, por exemplo, exercitar o cálculo mental e interiorizar os jogos de linguagem.
O saber pressupõe o manejo de ferramentas que vão mudando de época para época, mas não se esgota nelas. Surge frequentemente o argumento "de que os portugueses sabem de mais" e que o nosso futuro está na aposta no ensino profissional. Recentemente, um ministro defendeu 50% de cursos profissionais nas escolas portuguesas... Por detrás, habita a ideia de que nos basta memorizar uns tantos saberes sobre nós e os outros, e que o fundamental é lançar mãos à obra.
Ora, no mundo em que vivemos, as obras, velhas ou novas, exigem cada vez mais investigação que alavanque os saberes. Tal como as línguas, o saber é dinâmico. 

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