15.2.19

Devo evitar a crónica

Se eu quiser escrever sobre o estado congestionado em que me encontro, devo evitar a 'crónica' porque, por estes dias, este registo procura anular a duração, e o que eu tenho para confessar é que há horas em que não se está bem em lado nenhum.
Não fossem os ossos doridos, os espirros e o corrimento nasal descontrolado, talvez pudesse evitar a expressão corriqueira da fragilidade pessoal - a crónica exige que a fragilidade seja humana!
Por mim, o género nasceu da «ordenação de estórias» com o objetivo de legitimar uma escolha política ao gosto do baixo clero, da nobreza calaceira, de uma burguesia ávida de futuros  pardaus e de uma arraia-miúda destrambelhada…
Nunca a crónica poderia dar conta do momento em que me informam "A consulta foi-se. A médica fartou-se. Abandonou o consultório, sem explicação razoável…"
A verdade é que não fiquei surpreendido, pois já me apercebera que os endocrinologistas andam quase sempre zangados e, no caso, o que eu precisava era de um médico de clínica geral… Talvez por isso tenha dito à rececionista: Olhe, quando a doutora tiver acertado o doseamento, ela que diga em que dia é que me recebe…

Sem comentários:

Enviar um comentário