1.2.19

E aqui morre a ironia...

«A ironia é um ponto de vista distanciado sobre o mundo…»  Jorge Fazenda Lourenço, in Colóquio Letras, nº 200, pág. 30

Não compreendo como é que o ponto de vista pode ser 'distanciado' a não ser que o observador seja uma espécie de atirador na carreira de tiro em que o alvo é o mundo. Nesse caso, o observador deixaria o mundo ou, talvez masoquista, disparasse sobre si próprio…
Eu vejo o ironista - à exceção do snob académico, aristocrático ou burguês - mergulhado no mundo, incapaz de pôr cobro à estupidez que o circunda, a sinalizar, um pouco como o sineiro que anuncia o passamento do conterrâneo…
O ironista esconde-se na casa mortuária na esperança de que a certidão de óbito tenha sido passada por um farsante desatento dos sinais de vida do moribundo…
O problema é que a exceção parece corresponder a um vasto grupo de figurões parasita do mundo. E aqui morre a ironia…

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