29.7.25

As migrações são inevitáveis

 

BallinStadt - Museu dos Emigrantes Hamburgo.
Não faz sentido falar, aqui, deste Museu. A informação está disponível online. O que merece a pena é percorrê-lo, atentos ao imenso espólio da migração europeia para os EUA, dos finais do século XIX à Segunda Guerra Mundial.
As migrações são inevitáveis e, muitas vezes, são um fator determinante  do povoamento e do desenvolvimento económico.
O resto é maldade ou estupidez...

25.7.25

Cada vez mais longe ...

Desta vez, foram os Cabecinhos Brancos que mudaram de mãos, por meia dúzia de euros... 
Noutro tempo, o trabalho era árduo à beira da Serra de Aire... Havia horta, havia vinha e até uma seara, sem esquecer as figueiras, as oliveiras e as amendoeiras...
O poço foi secando... e o trabalho foi-se tornando inútil e empobrecedor...
O que fazer? Partir, esquecer... e envelhecer... até que o branco escureça.
Pode ser que os novos proprietários descubram por ali as "terras raras" por ora tão disputadas!

19.7.25

Se eu fosse um robot...

 

Ali, no fundo da piscina aspira continuamente até que o mandem concluir a tarefa. Pelo que observei não se cansa nem faz greve de zelo. De tempos a tempos, vem à superfície e limpa as paredes como se fosse uma lapa ... 
Começo a observação por volta das 19 horas e, no dia seguinte, lá continua, imperturbável, a operação de limpeza. Vem-me à ideia que o robot talvez seja perfeccionista...
Admiro-lhe a resiliência, gabo-lhe a saúde e não posso deixar de o invejar... agora que me canso cada vez mais e me queixo por dá cá aquela palha...

Entretanto, já não consigo comentar o que se passa... Por exemplo, porque é que se deixa construir a torto e a direito e, sobretudo, por que motivo não se remunera devidamente o trabalho, de modo a que as pessoas não acabem a viver em barracos ou na rua...
O problema não é de construção é de remuneração!

12.7.25

O poeta (António) Silva Carvalho vai sobreviver ...

«Estou aqui, neste poema, e sei que vou sobreviver

a quem me escreve! Tem que ser assim! É assim 

que se faz a história do homem, como se nada fosse,

uma palavra aqui e uma necessidade ali, o tudo 

surgindo como uma evidência tão natural e certa

que a própria filosofia não sabe o que dizer!»

22/5/1986, SILVA CARVALHO, CYPRESS WALK 

Sem notícia do António desde 2023, a esposa enviou-me um oportuno e-mail a recordar-me a amizade, mas que o colega e amigo partira de vez... no dia 8 de Julho de 2025. 

6.7.25

Desproporção

Morrem dois jogadores de futebol. 
Morre um militar de Abril. Morre uma fadista. Morre um músico e produtor musical...
E morrem diariamente, anónimos, muitos outros que abnegadamente tudo fizeram pela família, pela profissão, pela comunidade...
Para os primeiros, a comunicação social guarda-lhes, quase, toda a programação. Para os restantes, meia duzia de palavras e de imagens ou o silêncio absoluto...

Que todos repousem em paz neste país de pouco senso.

Entretanto, José Socrates, que tudo tem feito para não ser julgado, agora quer um julgamento em direto. Porque será?

Finalmente, gostaria que o Estado esclarecesse a quem é que, de facto, tem sido atribuída a nacionalidade portuguesa nos últimos dez anos. Será assim tão difícil fazer um gráfico que clarifique a origem dos 'novos' portugueses! 

30.6.25

O estreito de Ormuz


Posso estar enganado, mas suspeito que a vitória de Trump na guerra Israel-Irão esconde um acordo em que ninguém quis perder o estreito de Ormuz, a começar pela China...

Deste modo, todos cantam vitória.... e a resolução do problema foi mais uma vez adiada, o que permite a Israel continuar a terraplanagem da Faxa de Gaza e à Rússia manter a invasão da Ucrânia ..

Por outro lado, Taiwan liberta-se temporariamente do sufoco... 

Quanto à União Europeia, não posso dizer nada de dignificante. Os seus dirigentes acreditam que basta agitar a folha de cálculo...

25.6.25

Farinha do mesmo saco

Na corte, a tradição diz-nos que cada rei tinha o seu bobo.... Hoje, o bobo sentou-se no trono, não mudando o seu modo de ser/dizer, e, à sua volta, amontoam-se os aduladores que decidiram elogiar-lhe os caprichos...
Pasmo da cega obediência da Europa e, sobretudo, da crença de que Putin é o inimigo e de que Trump é o salvador, quando ambos são farinha do mesmo saco.

22.6.25

Flamingos, talvez invisíveis!

 

Por aqui, só andorinhas em permanente voo sem necessidade de serem reabastecidas. Voo picado à procura de insectos sem abrigo.
A maré ia cheia: nem peixes nem patos. 
Flamingos, talvez invisíveis! E estes é que podem ser perigosos, caso transportem a Bomba GBU-57... O Irão que o diga!

No entanto, por aqui, parece que não há perigo de sermos atacados pelo Sr. Trump: as terras são pobres; a população caminha para a extinção... o território está à mercê de quem desembarca no aeroporto... os políticos não têm vontade própria, nem sabem o que isso é.

O que me perturba, não são os estorninhos que rasam as fachadas dos edifícios, mas a nuvem de comentadores que, durante horas, falam do que não sabem como se estivessem numa sala de aula cada vez mais vazia.

14.6.25

Sua Excelência, de Corpo Presente

Pepetela publicou este romance em 2018. Estranhamente, só hoje acabei de o ler...Para quem já lera pelo menos 17 títulos deste Autor é inexplicável... ou, então, cansei-me do rumo da narrativa.
De qualquer modo, este intervalo de 7 anos não tornou o romance obsoleto. Infelizmente, apesar das mudanças políticas, o poder continua a servir os mesmos propósitos: o enriquecimento dos parentes, legítimos ou ilegítimos, dos fiéis de infância e de caserna... o endeusamento dos déspotas, servidos por esbirros implacáveis...
A técnica narrativa relembra algumas obras de José Saramago, em particular O Ano da Morte de Ricardo Reis. Sua Excelência, durante o seu próprio velório, revisita a sua vida e a da pátria, dando particular ênfase à sua prole, fruto da sua concupiscência.
O seu caixão acaba numa lixeira montanhosa que se erguera junto ao palácio presidencial...

11.6.25

O problema está na cabeça...

Olivais, Quinta Pedagógica
O problema não é de pele nem de sangue. O problema está na cabeça.
De nada serve responsabilizar o passado. A violência atual não é diferente da do passado. 
A pulsão do ódio combate todas as formas de respeito pelo outro, até porque a sociedade abdica da educação... na família, na escola, na comunidade...
Os porquinhos não têm culpa...e as pessoas também não.

9.6.25

O onze inicial deve ficar a cargo da IA...

Mesmo que o senhor Martinez tenha inventado, no final, a seleção venceu a Liga das Nações em terra bávara.
Creio que o objetivo, agora, é ganhar o campeonato do mundo em 2026. Por mim, o senhor Martinez deve manter-se como selecionador. No entanto, o onze inicial deve ficar a cargo da IA... 
Creio que se for esta a opção, no  terreiro onde se move o CR passaremos a ver o Gonçalo Ramos com o João Neves ao lado do Vitinha... 
O capitão Cristiano Ronaldo deve manter-se na função, só entrando em campo em caso de crise...

7.6.25

Sem remissão

Diz-me a Irene Resende (in Os Passos Dados) que estou em falta. Caruma sempre correu no tempo e no espaço, não dando a devida importância ao som. Talvez porque cedo lhe impuseram o silêncio, a obediência... De facto, quando a sala de aula passou a ser espaço de recreio, a Caruma sofreu o efeito do ruido... e começou a dar conta da dispersão. E perdeu-se num registo corrido de incongruências sem remissão...

Por vezes, o som ganhava expressão, por uma ordem inexplicável: os corvos, as cobras, as rolas, os aviões, os automóveis, os melros, os periquitos de colar... os professores nas estações de comboio e de metro...

Hoje, já, não me interessa registar a verborreia do presidente, que se agarra ao cachaço das criaturas.... registar o fracasso dos governos ocupados em satisfazer as respetivas clientelas, em explicar por que motivo cresce o ódio ao emigrante, quando se prefere viver de subsídios...

Continuo afetado pelos ruídos, sem remissão...

2.6.25

Um bunker hotel verde

 

Voltei a Hamburgo. A semana era de férias escolares. Consequência: menos movimento.
No entanto, como fiquei hospedado numa esquina da estação de Altona, tive a possibilidade de observar a complexa rede de transportes que permanentemente expelia e engolia a massa humana que se deslocava em trabalho ou em lazer...
O clima instável convidava o transeunte a adaptar-se à chuva e ao vento, o que me permitiu, por exemplo, entrar em lojas de roupa e de comida, tendo compreendido que os produtos se vendem ao mesmo preço de Portugal, apesar da enorme diferença de remunerações... Fiquei a pensar na margem de lucro das empresas alemãs que estão instaladas em terra lusa...
Não faltam jardins, ditos botânicos, nem a restauração portuguesa, sem, todavia, rivalizar com a gastronomia turca. Também não faltam museus. Só visitei o museu da emigração, que dá conta da deslocação de milhões de europeus (russos, judeus, polaco, alemães) para os Estados Unidos - finais do século XIX até aos anos 30... um verdadeiro êxodo!
E depois há o Elbe e a vida marítima. E a Philarmonie... 
Quanto ao bunker da Segunda Guerra Mundial, em St. Pauli, não cheguei a consultar a diária...

21.5.25

Numa maca entre duas camas

Nos hospitais, há balcões de macas, onde o doente espera e desespera pela libertação de uma cama, nem que seja num hospital satélite ... Ao fim de alguns dias, a família é informada de que o seu familiar foi transferido para uma enfermaria noutra unidade.. 

Só que, quando se procura o doente, acaba-se por encontrá-lo na enfermaria, mas numa maca entre duas camas...

20.5.25

Procuremos os atalhos

 

Deixemos as praças e procuremos os atalhos.
Neste atalho esquecido, mora uma amoreira que não renega a sua missão.
Uma amoreira frustrada, porque os milhares de frutos não chegam a amadurecer.
Talvez porque as amoras lhes pareçam uvas maduras, as aves do lugar e dos arredores devoram-nas ou deitam-nas ao chão.
A frutificação revela-se incompleta porque um agente externo não tem paciência para esperar - a fome é má conselheira.
Como bem sabemos, a fome não explica tudo. É sobretudo, a avidez que nos move e, frequentemente, a ignorância e a estupidez.

Daqui a um mês, já não haverá vestígio de amoras. O mesmo não se poderá afirmar da estupidez e da ignorância...

19.5.25

Aí está o resultado

 

Como cada um sabe o que quer, o resultado das eleições não desmente o caminho que preferimos... À tona, a vacuidade e a basófia, assentes em estacas cada vez mais podres...

Daqui a uns tempos, mudaremos de ideias, mas será demasiado tarde...
Entretanto, as cabeças começam a rolar, e como sempre, umas tantas vão continuar impunes e a brilhar...



18.5.25

Focados

 

Cada um sabe o que quer. O espaço convida. Poucos conhecem a história do lugar... quem quer saber de fogueiras condenatórias!

Focados, seguimos, mesmo se alertados para os perigos das escolhas que fazemos...

O Teatro Dona Maria II continua em obras.

16.5.25

O lodo das marés

 

Ao longe, avistamos uma ponte. Sabemos para o que serve, mas, ao certo, parece que nos falta vontade de a atravessar, a não ser que valorizemos a fuga...

Mais perto, avistamos água que nos parece azulada, mas sabemos que, facilmente, muda de cor. De qualquer modo, a ciência põe em causa o nosso saber quanto à cor das marés...

Mais perto ainda, avistamos uma plataforma de madeira, cuja substância é feita de múltiplas formas cuja função é facilitar a ancoragem de naus cada vez mais distantes...

Diante de nós, o que parece ser um tanque, onde alguém se encarregou de aprisionar  uma árvore sem futuro... Sobra-me o lodo das marés!

14.5.25

CARUMA está de regresso

A modéstia não faz mal a ninguém, mesmo se calcada. É preciso aceitar! 
O tempo dela é efémero, e não depende de si.
Do que regista, pouco acrescenta, mas pode servir para cotejar algumas visões mais arrojadas.

O folego tem diminuído, não por falta de assunto, mas por falta de verticalidade. 
Já restam poucos pinheiros!

12.5.25

CASA-ABRIGO

Márcio Laranjeira escreveu e realizou CASA ABRIGO. 

Vi, hoje, 2 episódios (de 6) na Culturgest.

Um filme que nos dá conta de um exorcismo que não se esgota na libertação de memórias inconfessáveis. Estas memórias e outras mediatizadas à exaustação são recriadas na  Casa-Abrigo, onde a vida continua a ser dolorosa, apesar da esperança de que a libertação do passado e do presente possa acontecer.

Falta, agora, que a RTP cumpra o projeto inicial: difundir os 6 episódios que compõem CASA-ABRIGO, libertando-se de impedimentos de circunstância...

8.5.25

Habemus Papam

Leão XIV. Não me vou adaptar facilmente...
(Leões só na selva! Nem no circo nem no Jardim zoológico!)

Parece que alguém terá pensado que este americano, Robert Francis Prevost Martinez,  será capaz de enfrentar os novos déspotas, como Leão I terá tentado dissuadir o huno Átila de invadir Itália... ou, talvez, os cardeais eleitores tenham pensado que Leão XIV irá apostar num estilo mais colegial do que o seu antecessor, Francisco...

Esperemos que este novo Papa não se esqueça de aprofundar a 'doutrina social da igreja' de Leão XIII, e que repense a 'doutrina missionária'. Sim, porque a evangelização nem sempre foi feita pelos melhores motivos...
E claro, será que este novo Papa  está consciente e tem vontade de acabar com a subalternização da mulher na Igreja Católica?

Vamos estar atentos! 

5.5.25

O Zigue e o Zague do Montenegro

Estou deliciado com a criancice de certos candidatos a primeiro-ministro... Lembram-me os meninos de escola que, não tendo feito o trabalho de casa, aproveitavam todas as oportunidades para ridicularizar os mais aplicados.
Alistaram-se cedo nas juventudes partidárias, fazendo estágio nas 'tunas'...e foram trepando até chegarem onde estão ou querem vir a estar...
Como nunca se aplicaram, continuam a ziguezaguear e a brincar com quem estuda, com quem é sério e competente... 
Continuam a viver de expedientes e a necessitar de padrinhos que os avalizem.

1.5.25

Um debate muito pobre


Mértola
O debate deveria ter sido realizado num mercado municipal. Seia mais autêntico. 

Afinal, os candidatos são apenas intermediários, por mais que se esforcem por passar por produtores, arrependidos em tempos distintos...Apostam na falta de seriedade como cartão de visita, o que deveria ser suficiente para os afastar. 

De concreto, não vendem nada. Apenas sonham com o voto dos jovens, das mulheres, dos pensionistas e reformados.

Finalmente, insistem em fazer de nós parvos no que respeita a salários. Eles bem sabem que são cada vez menos os que ganham o suficiente para ter uma vida desafogada!

29.4.25

A Rádio e o Apagão

28 de Abril foi dia da Rádio! 
Sem a Antena 1, não teria compreendido o que se estava a passar.  O Apagão elétrico mostrou a fragilidade da rede ibérica e, sobretudo, que o barato sai caro... 
O efeito da ação da TROIKA foi a entrega  de sectores fundamentais aos privados, para quem o essencial é o lucro... 
Saída a TROIKA, os governos não se preocuparan em recuperar os setores essenciais, como o da energia e o das comunicações...
Quanto ao povo, o que lhe interessa é o que se passa nas redes sociais. Mas, ontem, ficou às escuras, mesmo de dia...
Já agora cito uma vizinha que confessava ao telemóvel: eu até tinha um rádio, mas não tinha pilhas... 

26.4.25

Do Pulo do Lobo a Mértola


Estive em Mértola, mas o que despertou mais a minha atenção foi o rio Guadiana.
Claro que a vila velha impressiona: ruelas estreitas, floridas, com uma vista extraordinária para o rio e para o castelo... tudo alimentado pelo poder autárquico. Os turistas alimentam os hotéis e os restaurantes... A população é quase invisível. De certo modo, as aves são mais audíveis, embora esquivas. Quanto ao passado, dou a palavra aos arqueólogos: as escavações continuam...




19.4.25

Ver as coisas

Estamos a perder a oportunidade de ver as coisas como elas são, preferimos o reflexo, e nem sequer esperamos vê-las mais tarde, numa dimensão anunciada, mas para a qual não fomos formatados.
Vivemos do reflexo, não das coisas, mas de nós próprios - de sonhos, de medos. Incapazes de respeitar os outros, porque, afinal, não os vemos. Se existem, é para nos servir...
Nesta Páscoa, o que é que há para ver, para além das imagens de que nos podemos desligar? A não ser que no palco, surja algum holograma, continuamos incapazes de nos libertar...

10.4.25

Não é espuma...

 

Não é espuma, é a essência dos dias de que nos vamos afastando. Preferimos discutir as tarifas americanas, como se tivéssemos abdicado de procurar a autossuficiência. 
Preferimos viver de fundos europeus que nos permitem todo o tipo de importações, muitas vezes supérfluas...
Detestamos o trabalho e perseguimos quem trabalha, vivendo cada vez mais de subsídios. Só assim nos sentimos vivos!
Um destes dias, vamos a votos, sem querer pensar que podemos perder o subsidio, porque iremos votar a favor da guerra, desde que outrem esteja disposto a dar o corpo ao manifesto... 
Ainda não percebemos que o tempo das invasões franceses, das grandes guerras e da guerra colonial já acabou. 
Agora a guerra é outra e exige mais inteligência, inclusive para combater a IA.

3.4.25

O Cemitério do Elefante Branco

Para quem gosta de compreender a contemporaneidade, designadamente de raíz lusófona, é imprescindível ler o conjunto de estudos sobre 'retornados e ficções do império português' da autoria de João Pedro George.
Trata-se de uma obra bem documentada sobre o modo como o 'êxodo' africano foi acolhido e percepcionado no Portugal 'europeu'.
A atenção dada às publicações, que sobre a matéria foram sendo publicadas no pós-25 de abril, é exaustiva e evidencia a natureza do trabalho editorial desenvolvido. Primeiramente, de contestação do processo de descolonização e dos seus intérpretes, e depois de 'apagamento'  das vítimas do colonialismo... No essencial, explica a visão que, hoje, continuamos a ter do Outro... seja refugiado, imigrante...
Pessoalmente, esta leitura obrigou-me a questionar a posição de alguns escritores 'engajados' que costumava considerar como 'esclarecidos'... e, por outro lado, confirmou-me que a os 'best-sellers', gerados no seio dos órgãos de comunicação social mais não são do que formas de ganhar dinheiro à custa da nostalgia... e do branqueamento da realidade... 
Tudo a branco, mesmo que se seja negro!

31.3.25

Com pés de betão...

 

Com pés de betão nem o vento nos arranca do chão... e nós gostamos de quem carrega na transparência..., mesmo que isso signifique enfiar-nos a carapuça...

A tradição consagrou o princípio de que, conquistado o poder, tudo devemos fazer para que o preservemos, isto é, estejamos de pedra e cal...

Há, no entanto, quem à pedra prefira o betão. E à cal, os meios de comunicação, formais ou informais...

29.3.25

A chuva de Março

 

Dizem-me que choveu muito em Março. Desconfiado, resolvi visitar as Portas do Sol, em Santarém.
Chegado, fui surpreendido por um caudal amarrado às margens e que em nada pode ser comparado às cheias de outrora. 
Sempre tinha motivo para desconfiar: a comunicação social abusa da falta de memória do cidadão... Repete à exaustão pequenos detalhes com o objetivo de nos estupidificar...
E o que é válido para a chuva também se aplica à política!
Quanto à cidade de Santarém dá pena. O casco da cidade está cada vez mais degradado. Basta observar o estado do Teatro Rosa Damasceno... e quanto aos novos habitantes, o melhor é calar. 

23.3.25

Dizem-me...

Dizem-me que a Primavera já chegou. Certamente, temerosa. Quanto a isso, nada devo acrescentar a não ser que o Martinho terá vindo fora de estação, pois para novembro ainda falta um tanto... 
Dizem-me que nos Estados Unidos da América chegou um déspota, de seu nome Trump. Apressado, procura açambarcar terras e minérios, eliminar o que resta da Liberdade... provavelmente nem as estátuas se salvarão...
Dizem-me que o tirano Putin quer a paz oferecida pelo amigo Trump, ignorando a vontade da Ucrânia... Isso, no entanto, é uma fantasia dos estrategas e dos comentadores. Putin alimenta-se da guerra, tal como Netanyahu... Sem ela, seriam banidos...
Dizem-me que o Montenegro se candidata nas eleições legislativas de maio, não me espanta, porque, afinal, ele tem sucesso nos negócios... Parece que o sonho de uns tantos é serem montenegros.

17.3.25

Restos

 

Já não me apetece comentar. Apenas, observo, procurando não ajuizar sobre o estado das coisas e dos seres.
No essencial, procuro preservar-me das tensões, dos abusos, da incompreensão...
Arrumo palavras em diários sem futuro, porque a sua leitura só traria contrariedades... 
E leio Balzac, porque este autor já não engana ninguém e faz nos habitar um planeta que se pensava já perdido...

11.3.25

A queda de Montenegro

Não vou fazer considerações  sobre a queda do Governo pela simples razão de que era inevitável.
O desespero da classe política é enorme... a esta hora há imensa gente à procura de emprego...

De positivo, apenas a esperança de que a próxima Assembleia República possa ser constituída por pessoas que sejam educadas e honestas… 
Pedir mais é absurdo num tempo em que um governo vai ao ponto de servir os interesses familiares de um primeiro-ministro e não do país, como lhe competia.

6.3.25

A trama já é antiga...

Seja em nome da Monarquia ou da República, dos Reis ou dos Azuis como ensina detalhadamente Balzac na sua obra, o que está em causa é a conquista do território, das matérias-primas e até das 'graças' mais ou menos espirituais...
De Putin a Trump, o que está em causa é a hegemonia, mesmo que tal signifique o sacrifício dos sequazes que neles votam... o resto não lhes interessa de todo.
Por cá, parece que o povo vai regressar às urnas para confirmar o carácter de quem nos governa e nos quer governar. 
E claro, a falta de carácter não é propriedade dos governantes. Há muito que os governados têm vindo a ser preparados para tudo branquear... 
Depois do Monte Branco, agora temos o Monte Negro... e nós continuamos a votar nos de sempre, cada vez mais raposos.

28.2.25

Na Sala Oval

Trump humilha Zelensky na Sala Oval. Os Estados Unidos humilham a Ucrânia.
Zelenski saiu da Casa Branca sem almoçar...

A comunicação social trata Trump como 'rei'. Creio, no entanto, que ele se projeta como FARAÓ.

24.7.2010

Os reizinhos

Os reizinhos não herdam o trono. Cercam o poder, sabotam os pilares das instituições e progressivamente impõem os seus interesses. Ao contrário do monarca, educado para servir a coletividade, para exercer o poder em nome dos súbditos, o reizinho está-se nas tintas para o outro; ele é o soberano que abdicou dos vassalos…
Os reizinhos têm um enorme defeito. São incapazes de criar o que quer que seja e/ou admirar a obra alheia. E encaixam numa enorme moldura, à espera de serem adulados…  (meditação)

A esta hora, Putin deve estar a pensar que por este andar o melhor é negociar com Zelensky, pois para Trump não há almoços grátis...

22.2.25

Alemanha...

Divididos, diria radicalizados... 
Seja qual for o resultado das eleições de 23 de fevereiro, os alemães não vão querer cair nas mãos dos americanos, dos russos ou dos chineses... o que significa que o orgulho alemão vai fazer sentir-se nos próximos anos...
Infelizmente, o levantar da cabeça alemã deve preocupar-nos, porque tal significa produção intensiva de armas de modo a recuperar o poderio de outras épocas com as consequências que todos conhecemos ou deveríamos conhecer.
Não acredito que os alemães queiram continuar a depender do 'humor' americano e, sobretudo, queiram manter tropas americanas no seu território. 
Há quem pense que Trump é que impõe as regras, pode ser. Mas os alemães vão aproveitar para se 'libertarem' da presença estrangeira, voltando-se para dentro... e quem não os acompanhar candidata-se a sofrer as consequências...
Dos resultados eleitorais sobrou a divisão, a falta de coragem para afastar os 'demónios' do passado.
(...)
Entretanto, parece que na Alemanha há cada vez mais atrasos nos transportes, nos correios... 

19.2.25

A cor mais adequada

Em fevereiro, o azul esbateu-se, apesar da pompa e das recriminações... A cor mais adequada parece ser o cinzento, sobretudo quando espreitamos o céu do Papa Francisco, que, por estes dias deve estar a fazer contas à vida, cada vez mais distante da pompa e mais perto da porta de São Pedro... Pode ser que o Sol ainda abra e que a Terra não trema!
Não confundir esta abertura com as cores do Carnaval que se avizinha! E já agora, na terra lusitana, a folia já chegou. Basta espreitar o que se passa no Parlamento... uma folia despudorada, sem lei nem roque... como diria o Poeta.

16.2.25

De azul...

 

Há quem consiga, literalmente, viver de bem com Deus e com o Diabo.

Raramente me referi a Jorge Nuno Pinto da Costa, porque o cinismo sempre me incomodou.

Vejo, agora, no ecrã um mural que o coroa como rei. Na hora, talvez, a coroação faça sentido... só que os súbditos deixam muito a desejar. Vão certamente manifestar-se... espero que, desta vez, vistam de azul e que façam silêncio...

A beatificação parece-me ser excessiva. No entanto, estou seguro que no ato não faltará cardeal, o que intensifica a minha descrença nos homens... 

Entretanto,  ao olhar o Tejo que deixa que a terra lhe ocupe o leito, sossego.

10.2.25

Sem esperança

Fevereiro avança sem esperança, não fosse a chuva, a espaços...
China e EUA trabalham afincadamente para assinarem novo Tratado de Tordesilhas.

A União Europeia e a Rússia parecem não querer compreender que a esperança não está no confronto territorial, mas na aproximação politica, económica e cultural.

Se o problema está na péssima qualidade dos mandantes, os rebanhos, também, não ajudam nada: só o pasto lhes interessa... e os rebeldes estão cada vez mais atraídos pelo abismo.
Finalmente, 'les chouans' não olham a meios para se apoderarem do alheio.

4.2.25

Isto vai mal...

Levanta-se a suspeita, acusa-se, julga-se na rua... e sete anos mais tarde, arquiva-se o processo. Medina que o diga!
Há Ministérios em que as chefias se esquecem de avaliar o período experimental, ignoram a contratualização de objetivos, não despacham a horas. E porquê? 
Desempenham outros papéis fora do local de trabalho... respeitando uma velha tradição, transmitida dos avós de outras eras.... senhores caprichosos e, em regra, incompetentes que se escudam em artigos e parágrafos invisíveis para impor um obsoleto critério de antiguidade, diga-se, de nepotismo.

31.1.25

Encruzilhada

Não me enganei no caminho, mas chegado a 2025, não sei como continuar e se vale a pena...
De regresso a 2006, verifico que as postagens contêm demasiados erros e que algumas fotos desapareceram...
Durante algum tempo, pensei que a memória poderia ajudar a construir, mas, pelo que se observa, a memória já não ensina. Cristaliza como prova de imperfeição e, por vezes, traz consigo uma dúvida impiedosa....

26.1.25

Z Marcas

Z Marcas é uma personagem criada por Balzac. 
De origem humilde, Z consegue estudar, alcançando um patamar de conhecimento superior em domínios nevrálgicos - direito, oratória e política...
No entanto, a sua condição social e económica coloca-o numa posição de serviço. Serve políticos medíocres e arrogantes, que dele se esquecem logo que os ministérios se desfazem, o que, à época, era frequente...
Não consegue sair da condição de desprezado e esquecido porque lhe falta o capital necessário para comprar uma casa em Paris. Vive de trabalho de 'copista' para advogados reconhecidos que não lhe pagavam o suficiente para mandar fazer um fato, pagar a renda de um minúsculo quarto e para se alimentar convenientemente.
Vive em silêncio austero, raramente interrompido. 
No quarto ao lado, moravam dois estudantes pobres, cujas famílias insistiam que eles deviam formar-se em medicina e direito, profissões sem sucesso à data. Só lhes restava emigrar!
(...)
Desiludido, Z Marcas deixa-se morrer por 'amor à pátria' em terra de gente sem escrúpulos. 

A condição de deputado só estava ao alcance de gente abonada ou que fosse protegida pela 'nobreza' da época.

14.1.25

Não sei se é do frio

 .


..mas, de facto, em dezembro e janeiro, os que partem são sada vez em maior número, provando que a folha humana é caduca... e, apesar de tudo, o frio não é assim tanto se comparado com o que se passa noutras latitudes... (desta vez, quem viaja é o Cândido... ele que durante anos assinalou a partida dos comboios)

... partida sem regresso, mesmo que ainda haja quem prometa a ressurreição... sim, é melhor que tenham fé na ação divina, porque da ação humana pouco há a esperar...

(...) 

... e ainda há aqueles que espezinham quem já não pode levantar-se...

8.1.25

Afogueado

Ainda não fotografei a chuva deste janeiro, nem sei se ela deixa... O que sinto é que nestes dias, me desloco mais depressa, com mil e uma tarefas por cumprir... e não descanso enquanto não o faço... de preferência antes do almoço.

O problema é que neste janeiro, tomei a decisão de organizar os textos deste blog e compor um livro. Um Livro! Quem diria! E este blog teve início em 2006: São milhares de posts!

Será que vale a pena apostar num Livro? E que temas privilegiar?

Provavelmente, esta ideia é insensata, porque dizem-me que 'há mais alunos nas escolas, só que não aprendem'..., o que não me surpreende... afinal, o facilitismo já vem de longe... e os seus fautores continuam a ser  promovidos e aplaudidos.

5.1.25

vezes sem conta forçada

As palavras poucas
agora desnecessárias

só a imagem desfocada
um corpo exaurido
de sucessivos dias de entrega
vezes sem conta  forçada

as palavras  
mudas então

1.1.25

Quando saio...

Um pardal veio morrer

junto ao carro da doutora.

Talvez procurasse veterinário!

 Será que só os pardais morrem?

 Não penses que, quando saio,

a comprar o pão…

o faço por obrigação...

Vou ouvir os pássaros.

E hoje não há pão!

É Dia Mundial da Paz.

Onde?

Não é verdade!

Os homens morrem que nem estorninhos…

E o pão é possível comprá-lo nas vendas asiáticas...