1.4.11

Videirinhos…




O «rating» português está à beira de ser classificado como LIXO! E tudo porque não sabemos valorizar o capital simbólico. Governados por especuladores sem alma, perdemos, a cada dia que passa, os valores e o património edificados durante um milénio.

Incapazes de banir os videirinhos que já se aprestam a manter ou a reconquistar as cadeiras do poder, continuamos a assistir ao descalabro económico e financeiro do país sem perceber que é tempo de lançar mãos à obra.

Em termos imediatos, precisamos de aprender a identificar os videirinhos, afastando-os do poder nas eleições de 5 de Junho.

E outra forma de inverter a presente situação passa pela criação de um movimento geral de rejeição das importações. Há um número ilimitado de produtos (e de ideias!) supérfluos de que podemos facilmente abdicar!

E para delinear essa estratégia , precisamos de novos governantes para quem o capital simbólico represente um trunfo e não um fardo!

31.3.11

De regresso a Sintra


Depois de acompanhar cerca de 100 alunos pelas velhas ruas de Sintra, seguindo a lição queirosiana, regressei à Lagoa Azul, onde voltei a encontrar as velhas tartarugas. Há 20 anos, eram três ou quatro; hoje seriam, mais de vinte.
No essencial, pouco tem mudado. As marcas de revivalismo mantêm-se, apesar das ruinas de alguns edifícios, o que significará que os novos ricos ainda não estão suficientemente ricos… Lá chegaremos!
Na vila velha, o número de turistas jovens é cada vez maior. Hoje, escolas portuguesas, espanholas e alemãs cruzaram-se a caminho de Seteais. Em passo de corrida, olhando à direita e à esquerda. Mas vendo o quê?
(A circulação automóvel continua catastrófica; infelizmente, a mobilidade dos autocarros é mínima… e os passeios são tão apertados que os transeuntes arriscam ser atropelados!)

30.3.11

As margens dos rios…

Olho as margens dos rios do meu pobre país e raramente vejo sinal de presença humana, como se, por decreto divino, o homem tivesse sido expulso da terra.
E quanto mais penso no assunto, mais me convenço que esta ausência nos foi exigida, não por Deus, mas por aqueles que, agora, nos exigem o retorno…

Deslumbrados com o euro, hipotecámos o escudo, abandonámos os rios e voltámos a importar tudo, como já acontecera nos séculos XVIII e XIX.
Se quisermos recuperar o rumo, comecemos por reduzir as importações e, no caso de insistirmos no supérfluo, não hesitemos em aumentar-lhe o IVA…

E quando o essencial começar a faltar, voltarei a olhar as margens dos rios, novamente, habitadas e produtivas…

28.3.11

NADA mesmo…


Para quem se sente à deriva , vítima de um estado saqueado por políticos incompetentes e predadores, vale a pena imitar a lição da flor submersa: enraizamento e manter-se à tona. Não perder a calma e o sentido de humor e, sobretudo, não esperar nada da actual classe governante!

NADA mesmo…

27.3.11

Movimento, cor e pólen…


Afinal, o comboio do pinhal interior ou não é azul ou a CP resolveu pregar-me uma partida.
Carros antigos domingueiros desafiam a ponte metálica… e rodam garridos numa terra deserta sob um céu plúmbeo.

Passemos ou não,
os êmbolos,
engrenagens
quase eternas;
ao lado,
casas
desabitadas,
antenas
desorientadas…



outrora,
agora,
com ou sem
roda, comboio,turbina,
o zângão fecunda,
morre.

(Infelizmente, também há o zângão estéril que sobrevive!)

O outro visto por Pepetela e por João Tordo

E se a ficção coincidir com a realidade? Só a lonjura do exílio poderia criar o equívoco, mas, de facto, é sempre possível encontrar um Jeremias Cangundo nem que seja nas LETRAS PERIGOSAS de Pepetela, que, nesta “estória”, continua a ajustar contas com os escritores aburguesados que, depois de longo exílio voluntário, regressam à procura de reconhecimento e dinheiro…

Partir, por cobardia ou por força das circunstâncias, pode trazer problemas inultrapassáveis. Nunca sabemos quem iremos encontrar. E, sobretudo, se acreditarmos que o outro é, por natureza, acolhedor.

A verdade é que, em terra estranha, a diferença de pele, de religião, de língua pode trazer ódio, perseguição e morte. ELSA, narrativa de João Tordo, retrata exemplarmente a vida de um emigrante africano numa sociedade multicultural como a britânica, tradicionalmente acolhedora e, simultaneamente, segregadora… o apartheid continua vivo, apesar de politicamente inaceitável…

PS: A D. Quixote lançou, em 2009, a antologia “Em Busca da Felicidade”, constituída por dez “flores”, apesar de algumas já terem nascido murchas. No entanto, vale a pena colhê-las.

/MCG

26.3.11

Apesar da chuva


Apesar da chuva e da sombra, Mação não esquece a música.

( Chove intensamente e o Tejo, aqui ao lado, parece agradecer!)

Apesar da Isabel Alçada, dos sindicatos, do Parlamento…, a escola primária reinventou o presente.

(E esperemos que a chuva dê vida às árvores de Mação, antes que a canícula chegue!)

Na barragem, a água presa…

por cima, a água solta!

A barragem, vista de longe, parece um comboio azul da CP, em greve… ( De perto, as comportas ignoram o desacerto do país…)
Entretanto, por perto, o país ocioso continua a encher o bandulho…