O PLANALTO E A ESTEPE
Quando o leitor começara a pensar que ao General não restava outra conclusão de vida que conformar-se com a sentença de Camões "De amor não vi senão breves enganos", em Moscovo, eis que o Deus ex machina (Esmeralda) descobre a amada Sarangerel em Cuba….
Quando o leitor se deixara convencer que a revolução socialista (comunista) não passava de uma fraude gigantesca que destruía nações, quebrava corações, atirando-os para o fundo das masmorras da Mongólia e para o labirinto do Eduardo Santos, eis que Pepetela troca o abismo da ideologia totalitária pelo compromisso corrupto com os (novos) títeres que governam África – um romance que, pela sua dimensão simbólica, poderia ser exemplar, acaba por se tornar inverosímil.
Apesar de tudo, o romance é de agradável leitura, com algum suspense (ingrediente mais policial do que trágico). Caracteriza bem a vida dos estudantes africanos na capital do Império (Moscovo) e a sua passagem (formação ou apodrecimento) em Argel … Quanto à guerrilha, a imagem é oca e apressada, a remeter para outros romances (ortodoxos e heterodoxos) do Autor.
Sem comentários:
Enviar um comentário