Continuo a ler sofregamente a Correspondência trocada entre José Rodrigues Miguéis e José Saramago. É deliciosa pela informação que nos dá sobre as angústias do “senhor” e do “escravo”, do rigor e do pragmatismo anglo-saxónicos, do laxismo e do esbanjamento portugueses; da intelectualidade postiça e invejosa; da crítica presunçosa e maldosa que imperam na “pátria”… De facto, aos olhos dos correspondentes, pouco ou nada se salva naquele Portugal de 1959 a 1971… à beira-lágrima plantado.
(Das 166 cartas, já devorei 116, sem necessitar da caruma para lhes pegar fogo!)
E para não ser maçador, referindo-me à chatice da actualidade política e económica, termino com as sábias palavras de J.R.Miguéis:
“O homem é a obra e só vale por ela. O resto é opinião, isto é, paisagem: disso temos para dar e vender, sofremos de «opinião fácil»…”
Parece que tinhas razão! Se fôssemos um pouco mais modestos em relação a ter opiniões sobre tudo e nada, teríamos mais «obra» feita. É bom ter opinião em relação a assuntos importantes para as nossas vidas, o que não é bom é ficarmos «embevecidos» com as nossas opiniões!
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