31.12.12

O ato de ler e não só...


«E não falo das operações cerebrais: como seja ler, por exemplo: quando digo que o olho vê - foca - um ponto de cada vez, quero dizer um ponto (extenso!!!) de visão óptima, em torno do qual a visão, seja esta o que for, se esfuma, esbate ou dissipa gradualmente. Vemos, de facto, um trecho de escrita, uma letra ou sílaba no ponto de visão óptima da retina e algo mais que se dissipa em torno dele. O hábito de ler também ajuda aqui: presumo, antecipo ou deduzo a palavra ou frase que ainda não li ou nem chego a ler, ou só leio vagamente. Assim (e isto o camarada tipógrafo deve procurar entendê-lo), quanto mais denso, condensado ou apertado e mais negro ou visível é o tipo, mais depressa eu leio, porque a cada olhada (-dela) abrange mais do material impresso. Espacejar o texto, contra o que muitos supõem, e temos por hábito fazer, é retardar e dificultar a leitura, é criar espaços vazios, brancos, em que o olho é forçado a mover-se em vão, sem nada ler. (...) Por outro lado, os grossos caracteres são bons para os quase «invisuais», como demos agora pedanticamente, em chamar aos cegos, para os não ofender ou humilhar - tão delicados somos de alma! Porque não chamar então impedestres aos coxos?»
(...) José Rodrigues Miguéis, Programação do Caos, nº 23 

- Quantas ideias se vão perdendo!?


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