Hoje, procurei que os alunos percebessem o alcance de tal afirmação sem grande sucesso. Os poemas, escritos entre 1913 e 1934, visam despertar um povo descrente e adormecido para a necessidade de retomar a «esperança» e a «vontade» que, outrora, conduziram os portugueses à vitória sobre a NOITE e « o mar anterior a nós». Um povo que, perdido o Brasil, humilhado pelas potências europeias (Ultimatum), se vira a braços com a bancarrota mais grave da nossa história; um povo que, depois de se ter vingado no Rei, acreditou por instantes na República que, rapidamente, o conduziu ao cadafalso em terras de África e de França, e à desagregação moral e social; um povo que se vê obrigado a emigrar e, ao mesmo tempo, assiste ao súbito enriquecimento de uns tantos...
É neste cenário que o Poeta, em nome de Portugal, terá impresso o «ideal patriótico, sebastianista e regenerador», tingindo a obra de esperança quanto à refundação da Pátria e quanto à regeneração do estado mental da nação, mas, deixando-se cair numa solução sebastianista que tão maus resultados viria a trazer ao País.
Para que a mudança pudesse ser alcançada, o Poeta entregou-se fervorosamente à mitificação dos heróis fundadores e refundadores da Pátria, já que, na sua perspetiva, em cada geração é necessário que Portugal se cumpra - Senhor, falta cumprir-se portugal!
A novidade da obra reside, pois, no processo de mitificação que, partindo da lenda ( o NADA) ou da História ( o TUDO), transforma os heróis em exemplos «inteiros» para quem é apenas «metade de nada», mas aspira a libertar-se do «sono do ócio ignavo».
Ora, para Fernando Pessoa, 'aspirar' é sonhar, é ter vontade de compreender, de fazer, de mudar, de corrigir... o que, HOJE, parece continuar a faltar!
PS. Não é a primeira vez que CARUMA escreve sobre MENSAGEM: O Sonho e a Dor (15.11.2011); As mesmas âncoras (24.5.2011); A Pátria mesta (23.11.2013)...
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