9.2.15

O mundo de Alice

Apesar do domínio dos jogos de linguagem e do precioso contributo dos novos auxiliares de memória, Alice mergulha progressivamente numa memória recôndita, feita de imagens de lugares e de pessoas distantes... 
Alice é culta e inteligente, pensa saber o que quer e até onde pode chegar, mas a gramática da doença não obedece ao controlo da consciência... 
As novas leis são bem distintas, pondo à prova o espírito geométrico que habita Alice. Indefesa, ela vai ficando cada vez mais dependente e, sobretudo, à deriva. Mas luta!
(...)
A personagem parece dar conta da realidade, mas creio que não o consegue. Não consegue dar conta da mudez intermitente, do olhar vazio, da sobreposição dos lugares, dos rostos trocados, da irritabilidade desesperada, da incomunicabilidade, da morte antecipada... Não dá conta de todos aqueles que não lutam ou não podem lutar, de todos aqueles que acabam totalmente sós...

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