«Se o meu filho fosse vivo, havia de fazer dele um homem de bem, desses que vão ao teatro e a tudo assistem, com sorrisos alarves, fingindo nada terem a ver com o que se passa em cena! (...) Havia de lhe ensinar a mentir, a cuidar mais do fato que da consciência e da bolsa do que da alma.» MATILDE, em FELIZMENTE HÁ LUAR!, de Luís Sttau Monteiro
Depois de três anos a defender a verdade, a consciência e a autenticidade, leio com todo o cuidado uma Carta a Camões - um daqueles exercícios de escrita em que o jovem, nos seus 17 ou 18 anos, é livre de expor as suas ideias, sendo apenas objeto de correção quanto à composição e à gramaticalidade do discurso - e descubro que o dia de hoje em nada difere do tempo do Épico.
Até parece que, afinal, o objetivo da minha ação nestes três últimos anos foi ENSINAR A MENTIR.
Não sei como caraterizar esta atitude e muito menos como justificá-la. Todas as fundamentações me parecem absurdas. Em todas as épocas, os valores foram espezinhados, em nome da conquista ou da manutenção do poder.
Houve sempre, no entanto, a esperança de que o tempo pudesse deixar de ser como «soía"... Eu, hoje, estou, como o Poeta, desiludido...
Será que ao longo de todos estes anos lhes ensinei a mentir?
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