«O sofrimento nos ameaça a partir de três direcções: de nosso próprio corpo, condenado à decadência e à dissolução, e que nem mesmo pode dispensar o sofrimento e a ansiedade como sinais de advertência; do mundo externo, que pode voltar-se contra nós com forças de destruição esmagadoras e impiedosas; e, finalmente, de nossos relacionamentos com os outros homens. O sofrimento que provém dessa última fonte talvez nos seja mais penoso do que qualquer outro.»
Dito de outro modo:
«Já demos a resposta pela indicação das três fontes de que nosso sofrimento provém: o poder superior da natureza, a fragilidade dos nossos próprios corpos e a inadequação das regras que procuram ajustar os relacionamentos mútuos dos seres humanos na família, no Estado e na sociedade.»
Sigmund Freud, O Mal-Estar na Civilização, pág. 25 e pág. 37, Imago editora, 2002.
Sempre que encontramos um amigo, um conhecido, lá surge a pergunta: - Como é que vai? E a inevitável resposta: - Vamos andando...
No entanto, a cortesia, nas reticências, acaba por deixar escapar um sinal de desilusão. De perda!
De perda da juventude e da saúde, de isolamento na natureza indiferente e, por vezes, hostil. E, sobretudo, de vazio porque a sociedade em que vivemos deixou de valorizar o trabalho, a experiência e o conhecimento.
A sociedade já não é constituída por pessoas, mas por números. Por símbolos sem referência, e como tal somos pessoas descartáveis.
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