Não sei se ainda é hábito consultar o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado, num tempo em que a matriz da língua anda pela rua da amargura, eu, contudo, acabo de espreitar a origem de "caruma": origem obscura.
Conformado com a obscuridade da génese, entendo melhor o destino da caruma: arder em lume mais ou menos brando, até se extinguir definitivamente.
Por um tempo, quando as pinhas se abrigavam sob as agulhas, a caruma ainda se imaginou pinheiro capaz de suster as areias, inibindo o oceano de avançar, mas esse sol foi de pouca dura e o suficiente para a derrubar...
(...)
Estou aqui a ordenar livros, abro-os, limpo-lhes o pó, registo-os, chego mesmo a interromper a tarefa para deles ler alguns parágrafos, verbetes, porém sinto-os vazios, ignorados, derrubados...
Não posso deixar de pensar se eles, em certos dias, não se terão imaginado pinheiros ao sol, capazes de suster o avanço da estupidez... E tenho pena deles, pois temo que não tenham futuro, a não ser o da caruma...
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