1.2.16

Houve tempo em que comprava livros...

Houve tempo em que comprava livros, jornais e revistas. Fui deixando de os comprar à medida que tive que começar  a contar os tostões para pagar as dívidas alheias, sem esquecer a luz, o aquecimento e as comunicações... O que me não me impede de entrar em livrarias e percorrer-lhe os escaparates e as prateleiras, minuciosamente.
Ainda agora venho da Almedina (Atrium, Saldanha), impressionado com a profusão e o volume dos livros, mas revoltado porque não consegui vislumbrar a obra do amigo Silva Carvalho, autor.
Sim, do autor! Porque, para mim, um autor é quem é capaz de compor, de criar de dentro das palavras, e não, apenas, quem reproduz a realidade por demais sabida ou desinteressante...
Nas nossas livrarias, só é exposto quem está na ribalta, quem é flácido ou defunto recente.
(..)
E a propósito de autor, ando um pouco abalado com os cogumelos urbanos do Italo Calvino. Parece que, em Itália, os cogumelos germinam na Primavera... Aqui, em Lisboa e arredores, é fácil encontrá-los no Inverno, e não consta que deem origem a qualquer intoxicação alimentar, com direito a lavagem ao estômago... Sempre que os revejo, acastanhados ou esbranquiçados, estão destroçados, talvez porque nas cidades portuguesas não haja pobres. Só energúmenos!

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