5.2.16

'Os animais docentes' e o escritor emplumado

No Saldanha Residence, em Lisboa, há uma livraria que coloca à venda livros a preço reduzido. Quase todos os dias por lá passo e observo a oferta, variada e, por vezes, de qualidade... Embora isto da qualidade seja subjetivo, como o prova o José Rodrigues dos Santos que se considera o melhor escritor português da atualidade...
Hoje, decidi comprar por três euros, o livro Entre Pássaro e Anjo, de João de Melo. Trata-se de uma colectânea de 10 contos, de que destaco, desde já "Os animais docentes"... 
Num ápice, li o conto, não só pelo registo autobiográfico, mas porque ele espelha fielmente o universo dos docentes e dos discentes da província portuguesa nos anos 70 e 80 - um mundo fechado, hierarquizado, preconceituoso e distante dos ventos que sopravam da Europa... De certo modo, este conto fez-me lembrar as viagens de camioneta para Mafra, por entre vendedores e aves de capoeira, sem esquecer a guerrilha local entre o PSD e o PCP, isto nos anos 70... Sintra chegou depois, mas já se sentiam os ares da capital, apesar das desconfianças e das suspeições. 
(...) Seja como for, não consigo compreender que ninguém diga, de viva voz, ao JRS que ele não é o Eça, nem o António Lobo Antunes, nem o Mário Cláudio, nem o Mário de Carvalho, nem o João de Melo, nem a Lídia Jorge, nem o João Tordo e outros tão vivos como ele, mas que não colocam a RTP ao seu serviço...
Um destes dias, o próprio candidata-se ao prémio Nobel da Literatura!

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