1.5.17

No dia do Trabalhador

Não se pode dizer que no Dia do Trabalhador ainda não tenha feito nada. Ora vejamos! Entre as tarefas domésticas: despejei a máquina de lavar-loiça, enchi a de lavar-roupa; fui à mercearia, comprar, entre outros produtos, feijão verde que já preparei e que já está pronto a comer. Em termos sociais, dei uma olhadela às redes, onde encontrei ex-alunos e colegas - um deles, ufano, por se dedicar à recolha de microplásticos numa praia do Oeste luso; outro, fotógrafo da natureza quotidiana, partilhou uma imagem de moinhos, não os de vento de que será proprietário, mas dos outros, da energia alternativa... Tudo isto, à sombra de uma ideia, a de que o obsessivo e minucioso Kafka não terá dada conta deste lado tão doméstico e prosaico do trabalhador...
E acrescente-se que, por um impulso pouco habitual, decidi comprar o DN de ontem, onde, numa leitura global, já encontrei uma ideia que me deixou a pensar: todos temos o direito a errar, e isso não deve impedir-nos de procurar atingir os nossos objetivos, mesmo se contrários aos interesses de muitos outros, como poderá ser o caso daquela senhora francesa que agora se chama apenas Marine, e antes se orgulhava de ser Le Pen. Leonor Beleza dixit.
Vou interromper para ir tomar um café... pode ser que ainda volte ao assunto!
(...)
Afinal, o destino foi Moscavide, o que me obrigou a 35 minutos de marcha acelerada, com regresso à Portela, e passagem pela drogaria (CCP) para adquirir forra-fogão e anti-traças (2 de cada) no valor global de 11, 20 €, preço bem inferior ao do Continente, do Pingo Doce e do Suportel... e claro a uma nova ideia adequada ao Dia do Trabalhador: os sem abrigo, os sem trabalho, os precários são pessoas que não podem errar: isto é não podem comprar o DN do dia anterior, nem tomar café e, sobretudo, forrar o fogão (que não têm), nem comprar anti-traças, pois a roupa é mínima e quanto a livros, o melhor é nem pensar nisso.
E para terminar, em vez de participar nas manifs, vou regressar à leitura do romance de Jean-Paul Sartre "La mort dans l'âme", onde o domingo parisiense pode ser a semana inteira, basta que os alemães invadam a capital e os intelectuais se consolem com a ideia da construção dos Estados Unidos da Europa... encabeçados pela bota germânica. Quem diria?
E claro, amanhã, volto às intermitentes aulas, e prometo, desde já, não falar destas ideias... deixo-as para o Presidente que um destes dias nos irá visitar... com muito afeto e espalhafato...
E já me esquecia do esparguete tricolor ao lume... é que 5 minutos bastam, tal como esta prosa!

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