2.12.17

Nesta hora de penumbra fingida

A noite cai como se tal fosse possível, o sol deixa-nos sorrateiramente, cessando de incomodar as mentes mais cinzentas, embora frequentemente estas prefiram a torreira solar...
Hesito. Talvez eu quisesse dizer mentes grisalhas, mas a verdade é que as mentes não podem ser nem cinzentas nem grisalhas. As cabeças é que vão ficando grisalhas... e supostamente, as mentes vivem nas cabeças, não se sabe bem se sob forma de uma qualquer substância se sob forma de ideia... o que me traz nova preocupação: será que a ideia poderá ter forma?
Até agora, para além das velas dos moinhos de D. Quixote, só as criaturas inventadas por Fernando Pessoa é que vão ganhando tal forma e substância que há quem as veja nas esquinas e nos cais de Lisboa - há mesmo as que já apanharam o elétrico e foram vistas a falar com outras criaturas estranhas, vindas desse país longínquo a que costumamos chamar estrangeiro...
Nesta hora de penumbra fingida, não me importava nada de, simplesmente, estar de chegada ou de partida desse país estrangeiro, onde as mentes serão certamente menos cinzentas... 

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