8.12.19

Talvez por ser domingo...


(…)

Zeus destruirá também essa raça de humanos de fala articulada,

quando acabarem nascendo já com as têmporas grisalhas.

Nem o pai será concorde com os filhos, nem os filhos com o pai,
nem hóspede com anfitrião, nem companheiro com companheiro;

nem um irmão será querido, tal como era antes.

Desprezarão os pais logo que envelheçam,

e vão repreendê-los proferindo duras palavras,

os cruéis, ignorando a vingança divina; e nem mesmo

 dariam aos velhos pais retorno pelo alimento que tiveram na infância.

O direito da força: um saqueará do outro a cidade.

Nenhum apreço haverá por quem é fiel aos juramentos, pelo justo.

ou pelo bom: antes o malfeitor e o homem - violência

honrarão. A sentença estará na força; reverência

 não existirá. O cobarde fará mal ao homem de maior valor

 com discursos tortuosos, e a seguir dirá “juro”.

 A inveja todos os humanos miseráveis

 acompanhará, voz dissonante, face odiosa, comprazendo-se no mal.

 Será então que, da terra de largos caminhos, partindo para o Olimpo,

 a bela tez a cobrir com véus brancos,

 irão ter com a tribo dos imortais, deixando os humanos,

Reverência e Indignação. E ficarão para trás dores amargas

para os humanos perecíveis: não haverá defesa contra o mal.

Hesíodo (meados do séc. VII a C.), excerto de Os Trabalhos e os Dias, O mito das cinco raças

Talvez por ser domingo, resolvi visitar Hesíodo porque, como diz a tradição, ele terá vencido Homero num concurso poético, pois preferia a paz e o trabalho à guerra e ao combate.


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