(…)
Zeus destruirá também essa raça de humanos de fala articulada,
quando acabarem nascendo já com as têmporas grisalhas.
Nem o pai será concorde com os filhos, nem os filhos com o pai,
nem hóspede com anfitrião, nem companheiro com companheiro;
nem hóspede com anfitrião, nem companheiro com companheiro;
nem um irmão será querido, tal
como era antes.
Desprezarão os pais logo que envelheçam,
e vão repreendê-los proferindo duras palavras,
os cruéis, ignorando a vingança divina; e nem mesmo
dariam aos velhos pais retorno
pelo alimento que tiveram na infância.
O direito da força: um saqueará do outro a cidade.
Nenhum apreço haverá por quem é fiel aos juramentos, pelo justo.
ou pelo bom: antes o malfeitor e o homem - violência
honrarão. A sentença estará na força; reverência
não existirá. O cobarde fará mal
ao homem de maior valor
com discursos tortuosos, e a
seguir dirá “juro”.
A inveja todos os humanos
miseráveis
acompanhará, voz dissonante, face
odiosa, comprazendo-se no mal.
Será então que, da terra de largos
caminhos, partindo para o Olimpo,
a bela tez a cobrir com véus
brancos,
irão ter com a tribo dos imortais,
deixando os humanos,
Reverência e Indignação. E ficarão para trás dores amargas
para os humanos perecíveis: não haverá defesa contra o mal.
Hesíodo (meados do séc. VII a C.), excerto de Os Trabalhos e os Dias, O mito das cinco raças
Talvez por ser domingo, resolvi visitar Hesíodo porque, como diz a tradição, ele terá vencido Homero num concurso poético, pois preferia a paz e o trabalho à guerra e ao combate.
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