Ontem, alguém que diariamente se confronta com os efeitos das novas aplicações informáticas, dos novos códigos, das novas decisões, perguntava-me se ninguém protesta, se ninguém se opõe... e prometia-me escrever um livro a denunciar como vamos sendo despojados dos direitos mais elementares.
Passadas algumas horas, dei comigo a pensar que Aquilino Ribeiro mostra na sua obra como os povos das serras e do interior iam perdendo o direito à partilha de baldios, logradouros e até dos adros das igrejas. Aqueles povos foram perdendo o espírito comunitário e, com o tempo, foram atirados para o isolamento. Hoje, as escolas, as capelas, as fontes, tudo fecha e as crianças são enviadas para longe, tal como os pais são convidados a partir para o estrangeiro...
Para os que insistem em ficar, o futuro passou a estar à distância de um clic de validação. Se o cidadão falhar fica fora do concurso sem apelo nem agravo. Se quiser reclamar, os burocratas encarregam-se de informaticamente tornar o processo tão complexo que mais vale desistir... Por outro lado, as leis mudam como cata-ventos e ainda por cima geram códigos obscuros que são aplicados discricionariamente, atrasando a decisão, de modo as que uns arguidos apodreçam nas cadeias e outrem usufruam de eterna liberdade.
Num tempo em que o pastel de nata vendido no bar de uma escola passou a ser vigiado (ai dele se ultrapassa os 80 (?) gramas!) outros fazem e desfazem sem prestar contas a ninguém, pondo em causa a saúde, a segurança e a paz de espírito de quem se habituou a cumprir e, sobretudo, a servir a comunidade...
Não sei se fale, se cale!
Não sei se fale, se cale!
Deve-se falar, calar nunca!
ResponderEliminarNestes tempos em que vemos desmoronar tudo à nossa volta, em que assistimos à morte anunciada do nosso país e à ascensão dos seus `coveiros, todos perguntam indignados se ninguém protesta, todos esperam que os outros o façam. E eles próprios, o que fazem? Porque não dão eles o exemplo?