8.9.12

A agência da morte


No olho, surge o fruto. A flor já desapareceu e, em termos de futuro, nada parece acontecer. Fica apenas o efeito raramente apreciado por quem por perto passa.
Ontem, sob a anestesia do futebol, o primeiro ministro anunciou ao país que continua a dizer a verdade e que preza a transparência mesmo que o fruto das suas palavras traga o desespero e a morte. Há pelo menos uma agência que ele poderia criar: a agência da morte.
Essa agência deveria publicar semanalmente um boletim que nos dissesse quantos portugueses morreram na semana anterior e quais as causas desse esperado (inesperado) desaparecimento. Esta agência teria a virtude de gerar algum emprego e, de imediato, abrir concurso para substituir os falecidos. Asseguro que ela criaria mais emprego que a redução da taxa social única às empresas.
Entretanto, gostei de ouvir o senhor primeiro ministro afirmar que as medidas tomadas resultaram de um acordo, embora não tenha dito com quem. Um jovem turco da coligação terá dado a entender que o acordo fora alcançado entre os parceiros do governo, mas eu suspeito que não houve acordo nenhum. As medidas terão sido impostas pela TROIKA! Sem elas, a palmeira secava!
Para quem já viu um coelho ser enfeitiçado por uma cobra num terreno relvado ou árido, as palavras do senhor primeiro ministro não me surpreendem. O que me surpreende é que tanta gente inteligente lhe dê ouvidos e o absolva, sobretudo quando insistem em que todo mal foi feito até abril de 2011.

1 comentário:

  1. Ontem, infelizmente, não houve verdade, não houve transparência: houve pura hipocrisia!... Um deplorável exercício de contorcionismo, uma tentativa de justificar o injustificável, uma aldrabice pegada - fazendo crer que os funcionários públ
    icos iam voltar a receber um dos subsídios, embora a conta-gotas e logo absorvido pelo aumento das contribuições para a CGA; omitindo os ajustamentos e a simplificação do processo de IRS; sublinhando que as medidas ora anunciadas serão uma bom auxílio para a economia, etc. Por isso, custa que «tanta gente inteligente lhe dê ouvidos e o absolva», por isso custa que tanta gente se resigne...

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