Em tempos de pobreza, entornar o caldo é sinal não só de falta de cortesia mas, sobretudo, de desprezo pelo trabalho alheio!
Já o meu falecido pai, pouco satisfeito com o curso dos acontecimentos, tinha o hábito de ameaçar: - Ou comes o que tens à frente ou temos o caldo entornado!
Perante esta modalidade deôntica, com valor de obrigação e inevitável tabefe (eufemismo!), eu punha-me a pau e comia tudo. Tudo, também porque sempre gostei de caldo (verde, galinha...).
Ao fim de tantos anos, já perdoei a violência do discurso e do gesto, porque, cedo, compreendi que a culpa era do curso dos acontecimentos.
Ora, nos últimos dias, voltei a sentir-me sob ameaça! Uma ameaça inesperada, porque vinda de um homem tão importante como o presidente Durão Barroso: - Se o Tribunal Constitucional não fechar os olhos às diatribes do governo, teremos o caldo entornado!
Como está na moda a aplicação retrospetiva de medidas, também eu deveria poder rever as classificações dos meus alunos de 1975-78, isto é, entornar o caldo àqueles jovens do MRPP que me entravam na sala de aula aos gritos recusando ler Os Esteiros, A Abelha na Chuva, Os Gaibéus (dos sequazes do «Barreirinhas Cunhal»!) ou até Os Lusíadas.
A rapaziada é a mesma só que mais gorda, mais velha e néscia!
Excelente!
ResponderEliminarAlguns políticos que nós conhecemos não seriam candidatos a primeiros ministros, presidentes da República...
Ah! Também conheço alguns MRPP's que degeneraram!