Paulatinamente, o exercício da docência vai sendo condicionado e desvalorizado.
Na formação, a pedagogia é substituída por uma didática definida por uma autoridade espúria.
Na sala de aula, a parafernália imposta pelas editoras substitui o saber do professor, transformando-o numa fonte secundária, ignorada ou facilmente questionada pelo aluno desatento e desinteressado.
A desvalorização da função docente cria o clima propício à reivindicação de saberes não certificados, a não ser pela abscôndita superioridade social, cultural, política e, por vezes, profissional.
Em certas disciplinas,o professor mais não é do que um distribuidor de conteúdos dispersos por manuais, cadernos de exercícios vários, e quando isso acontece a sala de aula vira lugar de indisciplina.
A introdução de suportes diferentes dos apresentados pelas editoras torna-se suspeita. A avaliação, com recurso a testes não formatados pelo IAVE, é questionada por colegas, alunos e encarregados de educação.
A aplicação de conhecimentos em novas situações deixou de ser um objetivo. Procura-se, a todo o custo, evitar a surpresa, porque esta provoca estados depressivos... e a depressão é a explicação para todo e qualquer desajustamento...
A articulação da escola com a comunidade é desejável, mas aquilo a que se assiste, neste domínio, é no mínimo perturbador, porque, presentemente, o país não tem qualquer projeto educativo fiável e duradouro.
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