Ainda decorre a entrevista ao ex-ministro das finanças, Teixeira dos Santos, e já os mabecos correm para a antena. A publicidade prolonga-se enquanto lhes aparam as garras e as sobrancelhas. Caruma, 26.06.2013
Nada tenho contra os jornalistas, considero-os essenciais numa democracia responsável. Há, porém, um grupo que deveria ser enxotado - os mabecos. Um termo que terei furtado ao Mário de Carvalho ou a algum escritor angolano, provavelmente a Pepetela ou a Ruy Duarte de Carvalho.
Na novela Ocaso de Carvangel, Mário de Carvalho apresenta os mabecos do seguinte modo: «A razoável distância, paralelo à estrada, acompanhava-os a trote leve um grupo de pequenos animais pardos, de que mal se distinguiam os contornos.»
Este aparente desvario vem a propósito da família de José Sócrates não o poder visitar no Estabelecimento Prisional de Évora sem ser filmada e enxovalhada. Falta por lá (e por cá) o cocheiro de Carvangel!
(Nesta quadra em que o consume explode, recomendo como presente de Natal a leitura de VARANDIM de Mário de Carvalho. Esta novela ilustra, à saciedade, o fascínio pela desgraça alheia e como o feitiço se pode virar facilmente contra os feiticeiros.)
Nota: mabeco - cão bravio africano (origem obscura).
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