O cientista Miguel Godinho Ferreira obrigou-me, hoje, a pensar no meu próprio envelhecimento. Para tanto bastou que ele, em pleno Auditório da Escola Secundária de Camões, tivesse abordado a questão do «envelhecimento e o relógio dos cromossomas».
Inicialmente, a minha curiosidade (palavra-chave para o cientista) centrava-se na compreensão do termo 'telómeros', só que com o desenrolar do colóquio ( de facto, M.G.F. procurou dialogar com a adolescente assistência), comecei a perceber que poderia contrariar uma decisão por mim tomada dias antes. Certamente por ignorância, decidira não tomar umas enzimas que me tinham sido prescritas...
Embora o cientista não tenha tido a preocupação de definir o termo 'telómeros', acabei por deduzir que a telomerase designa uma enzima (ou várias?) que controla a divisão celular, limitando a capacidade de regeneração dos tecidos, o que causa o envelhecimento do indivíduo.
(...)
Paradoxalmente, houve alunos de Biologia que não apreciaram o colóquio. Viram-no como um exercício especulativo e não como um tempo em que o cientista dá conta das suas hipóteses, do diálogo com a comunidade científica internacional, das experiências em curso, dos resultados obtidos, e do regresso à formulação de novas hipóteses. A estes jovens falta-lhes a curiosidade ou, pelo menos, o motivo, como aconteceu comigo.
Mesmo em termos especulativos, estes alunos não registaram algumas proposições que merecem ser objeto de reflexão:
- Em ciência, a correlação não vale muito.
- A correlação não implica causalidade.
- A causa é algo muito mais complicado.
- A correlação é apenas um princípio.
Subjetivamente, registei a ideia de que já perdi a capacidade de manter os meus telómoros... a não ser que ele ( e a sua equipa de investigadores da F.C.Gulbenkian) produza a enzima necessária à recuperação dos meus cada vez mais reduzidos telómeros...
Sem comentários:
Enviar um comentário