Embora não saiba quem tem razão, se a acusação se o arguido, não posso deixar de pensar que José Sócrates acusa os jornalistas de cumplicidade e utiliza a comunicação social como suporte para a sua defesa...
Não posso deixar de pensar que José Sócrates acusa as faculdades e os professores de Direito de cinismo, e procura nas faculdades estrangeiros o prestígio académico que desde sempre lhe faltou...
Não posso deixar de pensar que José Sócrates censura a cobardia dos políticos, e que os seus melhores amigos fazem quase todos parte dessa classe política que, hoje, se desloca em peregrinação ao estabelecimento prisional pressionando a decisão judicial e alimentando um folhetim comunicacional inócuo...
Não posso deixar de pensar que José Sócrates, ao referir-se ao desprezo das pessoas decentes, esquece o tempo em que a indecência grassou no país que nem cogumelos...
A pobreza da maioria dos portugueses resulta da ação política de governantes que sempre desprezaram as pessoas decentes. E como José Sócrates bem sabe, ele foi primeiro-ministro de um país em que os recursos financeiros e económicos foram esbanjados ou capturados por grupos que cresceram à sombra do poder.
Com razão ou sem razão, José Sócrates bem poderia aproveitar o tempo para escrever um livro sobre o modo como os tentáculos se foram preparando para asfixiar a cabeça do polvo.
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