1.1.15

Do varandim ao ocaso...

«De maneira que Rossélio quando percebeu que nunca alcançariam o Maria Speranza, nem Shandenoor, nem regressariam a Carvangel, e também não se importou.»

O ocaso é isso mesmo: é ficar ou diluir-se! Mas a decisão não é da personagem nem mesmo do autor ao encerrar a narrativa. A decisão só pode ser do leitor...Só ele pode regressar ao varandim implodido por um grupo de anarquistas. Só ele pode regressar a Carvangel ou esperar pelo Maria Speranza...
Sem leitor, não há esperança nem imaginação que dê conta do desempenho literário de Mário de Carvalho: da sua capacidade de inventar territórios, de povoá-los, de enredar os seus habitantes em intrigas absurdas, de lhes narrar as aspirações e as desilusões e, sobretudo, de lhes imaginar uma língua, por vezes, desconcertante mas verosímil...
Eu, por mim, espero  voltar a Carvangel nem que seja para entrevistar o príncipe dos mabecos...

Mário de Carvalho, O varandim seguido de Ocaso em Carvangel, Porto editora, 2012.

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