«Ninguém se pode recordar senão do essencial (...) Aliás, nada há de essencial no que fazemos, apesar de todas as aparências.» Soren Kierkegaard, O Banquete.
Com tantas memórias disponíveis, parece possível compor uma grande quantidade de memoriais. E são tantos os memoriais que a História deixou de dar conta deles, preferindo ceder o lugar a outras ciências da memória... Algumas tão enfadonhas que se propõem repor os fundamentos e outras tão mirabolantes que não se cansam de anunciar futuros ora risonhos ora tristonhos...
Em comum, as memórias, mesmo quando na primeira pessoa, não passam de recordação do outro, à medida do interesse presente. E como tal, as leituras, embora aparentem ser plurais, não passam de projeções pessoais...
Um destes dias, confrontado com a pergunta "se valia a pena ler o que nada diz ao leitor" (no caso, a pergunta era de um leitor de 16/17 anos, obrigado a ler Fernando Pessoa), a resposta que me ocorreu foi ambígua, pois, afinal, eu estava ali a explicar que compreender Alberto Caeiro pressupõe que sejamos capazes de percecionar o mundo com os SENTIDOS, a cada momento... e, consequentemente, a memória não passa de um produto mental...
A verdade é que quanto mais vivemos de aparências mais valorizamos a memória.
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