A desigualdade instalou-se na escola pública. Novas e velhas escolas vivem o mesmo desafio: promover o sucesso escolar e na vida, independentemente do estado dos edifícios, dos equipamentos instalados, da formação dos docentes e dos restantes funcionários
Mas como?
Para além das escolas em que as velhas canalizações foram colonizadas por raízes que obstruem a circulação da água ou de outros efluentes, ovulando paredes líquidas e bolorentas, sem que o Estado ponha travão à ruina e ao desperdício, e contrastando com o novo-riquismo introduzido pela Parque Escolar, assistimos agora a uma ação de propaganda que visa convencer a opinião pública que vivemos num país em que cada sala de aula dispõe de um quadro interativo, um datashow, um computador na secretária do professor, terminais para os alunos e wireless…e de professores devidamente preparados para ensinar com os novos recursos.
Sem motivação e sem interesse, tal como sem saídas profissionais, não é expectante que o espaço escolar degradado seduza os jovens estudantes, por isso mais valia que o ministério da educação e os sindicatos se empenhassem, com os parcos recursos existentes, em reduzir as desigualdades em vez de manterem o braço de ferro em torno da avaliação do desempenho docente.
Lutar por um modelo de avaliação, que quer uniformizar critérios e aplicá-los do mesmo modo a escolas desiguais, não passa de capricho de burocratas para quem a resolução dos verdadeiros problemas da escola pública pouco interessa.