Sobre a fina areia, ora corre a lagoa para o mar, ora o mar invade a lagoa. O azul profundo vinca no horizonte a serra.
À volta a lixeira; tudo é clandestino; instalações precárias (pós-25 de Abril de 1974?) que se eternizam. A poeira esmaga o pinhal. O povo também tem direito ao paraíso da Lagoa de Albufeira! Até quando?
Tenho pena de não ter observado se, de facto, António Lobo Antunes continua a ter razão: «A classe SG-Filtro tinha o poster de Che Guevara na parede do quarto, nutria-se espiritualmente de Reich e de revistas de decoração, não conseguia dormir sem comprimidos e acampava aos fins de semana na Lagoa de Albufeira conspirando acerca da criação de um núcleo de estudos marxistas.» Memória de Elefante, 1979
No entanto, creio que as campanhas antitabágicas nivelaram as marcas de cigarros e, sobretudo, penso que a actual esquerda portuguesa desconhece Che Guevara, Reich ou Marx. A esquerda portuguesa prefere os "gatos fedorentos" às ideologias "fedorentas". A esquerda portuguesa só pensa em ocupar legal ou clandestinamente as "lagoas" deste país, de preferência em condomínio fechado.
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