(Para quem quer caminhar de Valverde até à Praia da Luz, onde é que fica o passeio? Não vale a pena afirmar que o turismo é uma riqueza para a economia nacional quando as acessibilidades são descuradas!)
Hoje, porém, abandono o meu lado negro para me referir a Teixeira de Pascoaes. Mário Cesariny publicou, em 1998, um pequeno livro, intitulado AFORISMOS, recolhidos em parte da obra de Teixeira de Pascoaes.
Da leitura que venho repetindo, gostaria de referir alguns tópicos que me parece merecerem aprofundamento: a) um certo desprezo pela ‘literatura’ – «a literatura (…) um produto industrial»; b) o elogio da raça dos poetas, em contraste com a condenação dos políticos – «cá em baixo, a acção criminosa dos políticos»; c) a superioridade dos valores populares –«Devemos substituir Os Lusíadas, esse Livro de Linhagens, pelos Autos populares de Gil Vicente»; d) o retrato de Camões, homem triste, sofredor e intérprete da morte – «Camões é um abismo de tristeza»; e) o fascínio pela transgressão – «A corrupção forma as novas ideias» / «O bom senso tem quatro patas» / «O pecado é mais fecundo do que a virtude»; a dúvida sobre a essência Deus – «A morte é a pessoa feminina de Deus».
Desta leitura, forçada pelo espírito rebelde de Mário Cesariny, fica-me a ideia de um Teixeira de Pascoaes crítico da Geração de 70 e defensor de uma nova ideia de educação. Uma ideia que acabou por morrer na sarça ardente da primeira república.
PS: A partir desta data, vou escrever mais sobre livros, pois, tendo decidido abandonar o ensino esporádico da Literatura, necessito de comigo acertar umas contas…
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