2.8.10

Lição de uma rola…



Nem todas as obras cumprem com a mesma eficácia o objectivo para que foram criadas.  Umas deviam tratar-nos do corpo; outras da alma. As primeiras, rasteiras, passam despercebidas; as segundas, altivas, elevam-se aos céus. Descrente das primeiras, quiseram-me purificar a alma. Resisti por palavras e omissões até ao dia em que fui convidado a repensar a minha vocação. Ainda, hoje, não sei onde é que perdi o apelo do céu (ou seria da terra?); continuo a cumprir algumas tarefas, umas mais nobres outras mais mesquinhas. Nem mesmo, em férias, me liberto de quem esperam que eu seja. Corro o risco de não conseguir ser eu próprio e, principalmente, de não perceber que o único objectivo deve ser, em vez do tronco firme e resistente, procurar o ramo instável e quebradiço…
/MCG     

1 comentário:

  1. antónio souto03 agosto, 2010

    Caso para insistir, liberta-te, segue o instinto da rola... E, enquanto isso, deixa que as palavras te encham os espaços livres, sobretudo as escritas (que não exigem troco), como, por exemplo, as de João de Aguiar que acabo de ler, e recomendo, em A Encomendação das Almas!
    Das de O Jardim das Delícias, direi mais tarde quanto aprouver!

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