Depois de ler a tradução de um debate entre Habermas e Joseph Ratzinger (2004), começo a perceber o motivo da resignação de Sua Santidade: a dúvida.
Se Ratzinger tivesse passado pelo Tribunal do Santo Ofício teria sido queimado.
Lá, no fundo, o cardeal teólogo, à época, era um ferveroso racionalista que, apesar de bem saber que a Razão produziu a bomba atómica e que, ao mesmo tempo, começou a procurar fabricar um novo homem no laboratório, via as religiões como imagens do mundo, quase sempre fundamentalistas e, assim, desrespeitadoras dos direitos do homem e da natueza (jus natural).
Dir-se-ia que a Fé de Ratzinger não era (não é?) inabalável e por isso o caminho que a Razão lhe impunha era o do ecumenismo ou, ainda menos, ambíguo - o caminho da interculturalidade.
Deste modo, Ratzinger, como Papa, esteve à frente de uma poderosa instituição de cultura assente no princípio de uma FÉ que para si nunca fora inabalável.
Dir-se-ia que a vida deste Papa é uma vida de tormento interior e, sem dúvida, objeto de suspeição permanente.
Espero, assim, que, depois de 28 de fevereiro, Sua Santidade ainda encontre tempo para confessar o que se passaria verdadeiramentte na sua consciência durante os anos de papado.
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