Quando o sentido se dilui e a luz se torna difusa, sinto o alastrar da hesitação e o eco quebrado da palavra. Deixo de confiar na vontade e passo a vigiar as sílabas, forçando-as a um regresso inusitado.
E de súbito, apercebo-me que no pronome demonstrativo AQUELA mora o pronome pessoal ELA e, deslocando-me verticalmente, encontro-a a ELA - três vezes repetida: duas, só, e outra sozinha - testemunha única : ELA (SÓ) VIU... e não posso deixar de pensar no que ELA, privilegiada, terá visto naquela madrugada que não é de Abril...
Aquela madrugada é muito mais antiga, vem do tempo das Albas, provençais ou não... Se triste e leda, pouco importa! O que realmente interessa é que NAQUELA mora ELA, a privilegiada, que viu o fogo tornar-se frio e o rio encher-se de mágoas.
Curioso, Manuel, como hoje ainda andei às voltas com esta composição camoniana com a rapaziada do 10º.
ResponderEliminarCom raras exceções, poucos lhe viram beleza.
Li-lhes, numa tentativa de os trazer para bem mais perto, o poema de Alegre.
Um equívoco.
Tanto as «palavras magoadas» dos amantes de antanho como o «adeus» dos amantes de ontem, pouco sentido fizeram. Apartar as vontades, porque sim, ou concretizar um exílio forçado, é linguagem estranha. «Tornar o fogo frio» ou «triste a clara madrugada», uma charada.
Esta tropa de hoje, definitivamente, não é filha da madrugada...
Nem da remota nem da recente!
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