15.5.13

Contra os professores

O Governo aproveita todas as oportunidades para mover a opinião pública contra os professores lançando para o ar argumentos insuficientemente fundamentados. Por exemplo, são necessários menos professores e menos escolas porque a população escolar está a diminuir! E simultaneamente omite as medidas que quer implementar e que têm como consequência a redução do número de docentes. No dia 15 de Maio, o ministério da educação e ciência já deveria ter explicitado as instruções necessárias à organização do próximo ano letivo, mas não, prefere esperar pela anestesia da opinião pública.
As medidas contra os professores não são alheias à encenação de que é possível não sobretaxar pensionistas e reformados. Se estivermos atentos às linhas dominantes do discurso político, verificaremos que professores, por um lado, pensionistas e reformado, por outro, surgem interdependentes. Quanto mais o estado poupar com a redução do número de professores, maior será a possibilidade de preservar as reformas e pensões recebidas por quem descontou e, sobretudo, por todos os privilegiados que não o fizeram...
Curiosamente, os ministros das várias pastas vão subindo ao palco para declarar que os funcionários que tutelam não irão ser abrangidos pelas medidas enunciadas: juízes, polícias, militares, diplomatas, médicos, enfermeiros, pensionistas, reformados... O que se subentende é que os professores passaram a ser o bombo da festa. A esta hora, dezenas de milhar de professores não fazem a menor ideia do que os espera no próximo ano letivo só porque, repentinamente, há menos alunos...
A encenação é rigorosa: não há meninos em idade escolar; os professores são todos iguais em idade e em serviço prestado à comunidade (argumento que irá justificar o nivelamento dos salários e o aumento do número de horas de trabalho letivo); o sucesso escolar tanto pode ser obtido com turmas de 22 alunos como de 30 alunos; o sucesso escolar  pode ser obtido com dois blocos semanais de 90 minutos, independentemente da idade ou da especificidade das disciplinas; as aprendizagens informais têm o mesmo peso das aprendizagens formais; as escolas têm autonomia pedagógica ( para fazer o quê?); as escolas públicas, se comparadas com as privadas e confessionais, têm menos sucesso e são mais caras...
Com esta encenação do governo e seus tentáculos, vamos assistir a tentativas de resistência local,  fragmentada e inconsequente, como, por exemplo, fazer greve à avaliação do 3º Período...
Creio, no entanto, que chegou a hora dos professores e restantes funcionários da escola pública dizerem: BASTA!
É a hora de iniciar um movimento de base que tenha o seu corolário na manhã do dia 17 de Junho: GREVE aos exames marcados para esse dia.
Neste momento, não é hora de olhar para o passado! O estatuto da carreira docente já foi rasgado...

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