27.8.13

A indigência é pobreza extrema

« -Temos um produto em que ninguém nos bate: a preguiça.» Conto original de Fernando Campos, O Sonho, in Os Lusíadas, de Luís de Camões, Canto IV, Edição Expresso 2003
 
O hábito de desvalorizar a ação do português leva a que uns tantos iluminados classifiquem os restantes como indigentes. Ora a indigência é, na maioria dos casos, expressão de pobreza extrema. Sabemos, também, que o estereótipo de povo preguiçoso se nos colou à pele ao longo dos séculos, creio que para pôr em evidência a superioridade, o mérito, dos tais iluminados (os heróis lusos).
Nenhum país parece produzir tantos heróis, tantos homens de mérito, como Portugal. Infelizmente, este esplendor gera uma enorme clivagem entre a minoria de heróis e a maioria de preguiçosos, ora considerados indigentes.
Em política, houve (e há) quem defenda que ao estado social não compete apoiar os indigentes, mas estes políticos, que se creem superiores, não sabem que a indigência é a expressão da pobreza extrema a que condenaram uma boa parte da população, pois diariamente lhe retiram a dignidade.
 
O que é preciso entender é que o povo não é preguiçoso! A preguiça, como muito bem mostrou Eça de Queirós, embora sob a capa da ociosidade, é uma caraterística da classe dirigente que, ao não se dar ao trabalho de olhar para as vítimas que vai produzindo, gera a indigência. Esta é efeito e não uma causa, a não ser que passemos a falar de políticos indigentes...

1 comentário:

  1. Porque é que os políticos não verificam os dados que fornecem, por exemplo, ao FMI? Verifica-se, agora, que se esqueceram dos cortes salariais aplicados na Função Pública!
    Terá sido por preguiça? Ou por indigência, no sentido de extrema pobreza intelectual?
    Creio que neste caso, não se trata apenas de incompetência, preguiça ou indigência. A classe política, para se manter no poder, mente descaradamente. Não tem um pingo de vergonha...

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