«A linguagem aprende-se melhor, não através dos seus usos corriqueiros, mas através da sua utilização máxima que é a literatura.» Roman Jakobson, Poesia da gramática, gramática da poesia.
A democratização dos discursos tem vindo a empobrecer o raciocínio, porque, sendo nós seres de linguagem, em vez da leitura literária, preferimos a gíria e o calão, tão comuns no quotidiano, no cinema e nas redes sociais.
Um destes dias, fui ver esse sucesso de bilheteira que dá por nome " A Gaiola Dourada" e fiquei esclarecido. Um conjunto de atores, de algum gabarito, dá expressão aos estereótipos que nos inscrevem na Europa das migrações (e no mundo!) e, sobretudo, a uma linguagem popularucha que faz sorrir gratuitamente. (Paguei bilhete para ver a boçalidade da minha própria família!)
É certamente por isso que a TROIKA encontra, entre nós, quem a acompanhe na necessidade de baixar os salários, desclassificar os jovens, destruir a classe média e eliminar os idosos.
Com a morte da literatura, vamos deixando de ser capazes de enfrentar as forças que, no essencial, procuram apoderar-se de um território, de preferência, liberto dos seus habitantes, da sua língua, da sua história e da sua cultura.
(Tenho de confessar que hoje me arrependo de ter abdicado de ensinar Literatura. Mas, prometo aos meus alunos de Português que irei ser implacável na perseguição dos «usos corriqueiros».)
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