Procuro a notícia, mas ela indispõe-me: um governo fornece números errados para esconder despesas inconfessáveis ou para legitimar soluções contra a dignidade da pessoa; uma instituição internacional não verifica os dados que lhe são apresentados por um governo indigente; um primeiro-ministro proclama que os bombeiros têm à sua disposição todos os meios necessários para combater os incêndios, apesar de só em agosto já terem morrido quatro operacionais; os fogos são provocados por alcoólicos, desempregados e maridos enganados (curiosamente, não há mulheres enganadas!) e agravados pela orografia e pelos ventos; a comunidade internacional prepara-se para atacar a Síria, deixando o regime no poder... quais serão os alvos, afinal? Jesus beijoqueiro acaba de resolver os problemas que lhe minavam o rebanho, qual Judas!
Esta minha indisposição não faz, no entanto, qualquer sentido e dá-me acabo do coração, embora neste aspeto haja outros fautores que, neste contexto, nem vale a pena revelar...
Por maior que seja a enumeração de notícias, não me sinto mais esclarecido, isto é, não me sinto mais capacitado para ajudar a explicar os comportamentos subjacentes, porque, como dizia o bem documentado e sensato Eduardo Prado Coelho:
«O conhecimento não se reduz à informação; o pensamento não se reduz ao conhecimento; pensar não se reduz a comunicar (...) a verdadeira comunicação e o pensamento autêntico não são a regra, mas a excepção.» Eduardo Prado Coelho, Crónicas no Fio do Horizonte, pp.169-170, edições Asa, 2004.
Chegado a este momento do raciocínio, tudo pode parecer simples: há pouco a esperar de quem nos governa ou de quem nos informa.
O problema são as vítimas! Para os Governos e para a Sociedade de Informação, há sempre alguém que pode ser eliminado e que rapidamente será esquecido.
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