14.3.15

A última viagem

Passo imensas horas a tentar descodificar tortuosas e minúsculas caligrafias. Por vezes, para além de introvertidas, estas caligrafias são expressão de manifesta esquizofrenia... 
E à horrível caligrafia, há que acrescentar uma sintaxe desconexa, resultante não só da dificuldade em coordenar e hierarquizar ideias, mas, sobretudo, de memorização de última hora, apressada e, consequentemente, descontextualizada.
Das palavras e das ideias, é melhor nada dizer ou, em alternativa, substitui-las por EU.

Há por aí quem defenda a leitura global, capaz de estabelecer ligações entre diferentes épocas e o presente do leitor, sem que este tenha de aprender a interpretar de per si cada texto, cada época. Trata-se de aprender a ler, sem aparato, como aqueles turistas que viajam sem bagagem. Basta-lhes o cartão de crédito para pôr cobro a qualquer dificuldade que possa surgir...
Se este for o caminho, a escrita também passará a ser global, semafórica, se tal palavra existe...

De mal ficaria comigo, se aqui não confessasse que a culpa de tudo isto é da velocidade e do ruído... Claro que um dia todos viajaremos sem aparato, a não ser que alguém acene por nós com o cartão de crédito, para gáudio do barqueiro... 

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