«O subtexto é um instrumento psicológico que informa sobre o estado interior da personagem, cavando uma distância significante entre o que é dito no texto e o que é mostrado pela cena. O subtexto é o traço psicológico ou psicanalítico que o ator imprime à sua personagem durante a atuação.» Pawlo Cidade / http://teatrototalilheus.blogspot.pt/2013/04/o-papel-do-subtexto.html
e /ou
“O subtexto é uma espécie de comentário efetuado pela encenação e pelo jogo do ator, dando ao espectador a iluminação necessária à boa receção do espetáculo,” Patrice Pavis.
Em certas salas de aula, há sempre quem queira dar espetáculo, isto é, ser protagonista. O professor, ao desempenhar o papel de gestor de um plano gizado por programadores, editores e avaliadores, fica condicionado não só por um sistema externo mas, também, por uma dinâmica interna, em que o subtexto de cada candidato a protagonista arrasa por inteiro as hipóteses de interpretação, por exemplo, de um texto.
Imagine-se um texto em que o autor tece uma narrativa rica em intertextualidade, culta e popular, com intenção de colocar o leitor numa situação de revisitação e consequente conceptualização crítica.
Como o professor não pode prescindir de trabalhar o texto daquele autor, esforçar-se à certamente por tornar visíveis as fontes latentes e, sobretudo, pôr em evidência o aproveitamento dos respetivos enunciados, sem esquecer a natureza dialógica da escrita... o diálogo, por um lado com a cultura científica, artística e literária que, em expetativa, deveria fazer parte da memória do leitor, e, por outro lado, o diálogo com o leitor.
A intertextualidade pressupõe, assim, a presentificação das fontes, do autor e do leitor. Só que o subtexto na sala de aula surge não como forma de diálogo, mas como rejeição de qualquer tipo de intertexto e consequente diálogo intertextual.
A nova cultura juvenil procura o palco para se afirmar, para se exibir; pensa vir a governar o mundo fazendo tábua rasa de tudo o que lhe é anterior...
Vive numa casa flutuante envidraçada e a certas horas, tardias, sobe ao palco para dizer pilhérias, sem se preocupar, sequer, com a receção do espetáculo.
E por isso, à medida que o protagonismo* aumenta na sala de aula, o professor escurece, deixando de ser sequer o encenador, quanto mais o exegeta ou o facilitador da aprendizagem...
* Tempo houve em que se dava ao ´protagonismo' o nome de 'indisciplina'!
( Em causa, as noções de: fontes, autoria, citação, plágio, pastiche, intertexto, subtexto, leitor.)
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