19.4.15

Uma pedra exposta ao sol

Raramente escrevo de manhã. 
Hoje, no entanto, talvez por ser domingo e por ter avistado um estúdio móvel da RTP junto à igreja do Cristo Rei, decidi registar a minha paragem no jardim Almeida Garrett.
Escolhi a pedra exposta ao sol e sentei-me. E assim aquela pedra se tornou na ara da comunhão vital, diferente da do pão e do vinho que outrora preenchia as minhas manhãs. Era um altar intimista que não comunicava ao mundo a sua existência e que, apesar de tudo, foi perdendo o seu fulgor inicial. A narrativa de tanto repetida virou rotina e o frio foi-se entranhando nos ossos...
Há dias, alguém me perguntou se não me arrependera, talvez, hoje, entrasse porta dentro de algum doente preso ao leito... e o não solto saiu-me da boca ainda antes de pensar.
Afinal, basta-me poder escolher uma pedra exposta ao sol!
(...)
E li o DN e já esqueci quase tudo, excepto que o Papa argentino agradece aos italianos a compaixão com que nos últimos dias têm acolhido os náufragos de África que, no essencial, só procuram a clemência do sol(o) europeu.

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