Não sei se ainda há quem leia "Diário Intimo" de Manuel Laranjeira, e temo mesmo que se tal acontecer a sua leitura possa ter um efeito depressivo, embora eu creia que a depressão, ao contrário do que muitos apregoam, seja uma particularidade mais ou menos permanente do leitor, caso contrário não se atreveria a folhear de forma aleatória tal livrinho...
(Eu conheço uns tantos leitores a quem basta a capa e umas linhas da contracapa para formar um juízo definitivo sobre a obra. Como ainda hoje me referiram "aquilo não vai com o meu estilo de leitor".)
Estilo aparte, eu folheio os dias e deixo que olhos se percam no abismo das palavras:
Quarta, 3 de Junho
Invade-me a infinita tristeza da existência, o tédio infinito da vida, dos homens e das coisas.
Tudo é de uma instabilidade asquerosa!
Se eu pudesse ao menos - ser alegre e abafar o ruído este aborrecimento sem fim!
Às vezes lamento-me de não ter nascido estúpido, muito estúpido, como a estupidez.
O Diário Íntimo é do Manuel Laranjeira (1877- 1912), que eu não tenho diário... até porque dificilmente um estúpido seria capaz de dar conta da sua estupidez... De qualquer modo, não é a leitura de Manuel Laranjeira que me deprime...
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