1.4.19

A mentira

O povo está feliz! Já pode inverter o percurso e ir viver para o campo ou para a praia. 
Vem aí a boa vida! A semana de trabalho de três dias e trabalho para todos, mal remunerado - que importa? 
Com a poupança no passe, já é possível pagar o infantário e o colégio das crianças e até amortizar umas tantas imparidades familiares.
Anuncia-se, entretanto, que a taxa de casamentos vai aumentar e a de divórcios diminuir, sem esquecer a multiplicação de carrinhos de bebé nas faixas criadas para os velocípedes…
O metro já começou a acelerar, reduzindo em 5% o tempo de espera; nos cais, os cachos humanos diluem-se. 
Nas paragens de autocarro, a vontade de conviver intensifica-se; afinal, os atrasos não passam de uma abordagem subjetiva de quem não compreende a mudança em curso…
E depois há os novos comboios, as novas carruagens, os novos catamarãs, os novos autocarros a gás e a hidrogénio… tudo novinho, a baixo custo, a chegar dentro de momentos...
E se esperarem um pouco mais, também não faltarão os novos hospitais, as novas escolas, os novos presídios, as novas barragens, os novos albergues, os novos fontanários. Tudo novo!
Tal qual como no Estado Novo!
Eu por mim, já encomendei o passe! Só não sei é se irei chegar a horas! Pouco importa!

1 comentário:

  1. Eu não quero agoirar, mas o passe «metropolitano» duma pessoa que conheço não passou na máquina hoje
    e, por gentileza do condutor, teve de ir de novo à Rodoviária onde lhe passaram outro. Parece que acontece com alguns. Maravilhas da «Inteligência Artificial».

    ResponderEliminar