21.4.19

Um dia que fugiu do calendário

Tudo um pouco diferente, sem chuva nem vento, com alguma família mais ou menos azafamada.
Um dia de árdua satisfação, apesar do peso nas pernas e da leve irritação que me assalta as meninges - mesmo agora me vi forçado a destrinçar quem era o Mário Emílio Forte Bigotte Chorão, tudo porque José Régio o menciona na sua correspondência… Começo a pensar que o Régio seria hipocondríaco, versão portuguesa do amado Marcel Proust.
Olho para o que falta, e pressinto que a azáfama ainda não terminou. Os dias de festa são assim: há uns que aproveitam e outros que amargam.
(…) E agora que é tempo de Páscoa, mandou o governo devolver o IRS que cobrou indevidamente…
Ou como escreveu Saramago: «Agora que veio o tempo da Páscoa, o governo mandou distribuir por todo o país o bodo geral, assim reunindo a lembrança católica dos padecimentos e triunfos de Nosso Senhor às satisfações temporárias do estômago protestativo.» O Ano da Morte de Ricardo Reis, pág. 306, Porto editora.

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