Um olhar despreconceituado… ou talvez não. A verdade é tudo o que nós ignoramos.
30.9.12
Na sala de aula - III
29.9.12
Benefícios fiscais e subsídios
27.9.12
A canga e as exceções
Dia VIII
26.9.12
Não chove
já choveu em sevilha zagreb santiago
Um dia irá chover na praça neptuno
resta saber de quem será o sangue
e voltará a chover na praça do império
Dia VII
Como explicar o rumo do escritor romântico, se o destinatário ignora que entre o século XV e o século XIX a matriz foi, em geral, estrangeira - do renascimento ao iluminismo - mesmo que cercados pelo Tribunal do Santo Ofício?
Até o protótipo do império era estrangeiro! A arte apresenta-se como reflexo de uma cultura cujas raízes se encontram fora do solo pátrio. Será assim tão difícil de entender a regra e aceder às exceções?
25.9.12
Praça Neptuno
a chuva sobre a terra seca
cresce involuntário o cerco
da pedra nada sobrará
Dia VI
B - José Luís Peixoto e o «Princípio dos primeiros dias» A redundância aponta o encantamento pelo feminino no que ele tem de ligação à vida, de presença (i)material...A irmã não faz sombra à mãe, está é mais próxima...
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu. depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco.
24.9.12
Dia V
23.9.12
Na sala de aula - II
Ministro fora de estação
do senhor Luís Portela: “não sei porque é que as pessoas saem para a rua a fazer barulho. Acho que a solução que nós temos de procurar é uma solução construtiva, de cada um, no seu cantinho, dar o seu melhor e procurar soluções.”
22.9.12
Mudança
21.9.12
Na sala de aula - I
- Os saltimbancos.
- Nome de Guerra
- K4 O Quadrado Azul
- (...)
20.9.12
O caminho
Dia IV
- O lema «...é fraqueza / Desistir-se da cousa começada» liberta-se do Canto I e torna-se mote para a composição de um conto cuja situação inicial e acontecimento modificador ficam ao critério do escrevente (tarefa).
- Desde a função e significado do título, à noção de retrato, secundado pelos conceitos de descrição e caracterização, passando pelo contexto e pelas circunstâncias (espaço e tempo). Há um discurso possível que tudo integre, limpando a língua de modismos artificiosos.
- Se eliminamos o contexto, podemos libertar alguma energia criadora, mas, simultaneamente, cortamos a raiz a outras narrativas igualmente legítimas. Repare-se como na estância 40, a Mercúrio compete ajudar os portugueses a atingir um objetivo ambíguo:«Mercúrio, pois excede em ligeireza / Ao vento leve e à seta bem talhada,/ Lhe vá mostrar a terra, onde se informe / Da Índia e onde a gente se reforme.» Ora esta ideia deve ter sido levada muito a sério pelos portugueses de antanho e também mais recentes. Basta pensar nos efeitos da peçonha na sociedade lisboeta (Sá de Miranda), sem descurar a interpretação de Pessoa (Opiário), em que descoberta a Índia, os portugueses ficaram irremediavelmente desempregados e por isso se refugiavam no ópio.
- Semanticamente, a leitura poderá não ser autorizada, mas poeticamente Pessoa não hesitou!
- Tal como o narrador de Manuel Alegre que, apesar de tardiamente, acaba por regressar a Arzila para libertar o Velho do cárcere em que ficara - um cárcere de armas e de heróis retidos no primeiro verso de Os Lusíadas...
- Ao quarto dia, percebo que estou naturalmente a combinar a língua com a literatura gerando uma mistura explosiva. E por isso só percorremos o retrato do Velho, a isotopia da passagem do tempo, interrompida por «jeans» desbotados... E, sobretudo, percebemos que Alegre tem esperança que possamos sair da situação inicial, pois o «narrador-personagem» ainda tem algumas qualidades: observação, curiosidade, escuta, interação... E é tudo isso que constitui o acontecimento - a resposta, a contra-senha...
- E a contra-senha só pode ser dada por nós, os leitores... o que explica a tarefa.
19.9.12
Dia III
18.9.12
Dia II
17.9.12
Dia I
- Ponto de partida para o universo da intertextualidade. De Camões a Manuel Alegre.
- A História de Arzila
- Tapeçarias de Pastrana
A estrutura do conto
Leituras imediatas:
Um Auto de Gil Vicente, de Almeida Garrett
Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco
Outras leituras:
Causas da Decadência dos Pvos Peninsulares, de Antero de Quental
Portugal Contemporâneo, de Oliveira Martins
Só, de António Nobre
Finis Patriae, de Guerra Junqueiro
ESCREVER
... um conto
... uma carta de Mariana a Simão
16.9.12
A onda inorgânica
15.9.12
O alvo errado
11.9.12
Matizes e o azul
8.9.12
A agência da morte
6.9.12
Não sei se...
Não sei se fale, se cale!
4.9.12
Apesar de tudo
Vivemos numa sociedade que multiplica os sinais de morte, que convida à desistência ou, pelo menos, à indiferença. E esse decadentismo é tão forte que aprendemos ( e ensinamos) a elogiar aqueles que antecipam «o fim», sem perceber que esta categoria da realidade não é absoluta.
2.9.12
Caminhos…
S. Paulo: « Nous voyons toutes choses dans un miroir.»
Tudo me surpreende desde o autorretrato de Léon Bloy (1846-1917) até ao título da obra panfletária “Belluaires et Porchers”, para cuja tradução proponho “Gladiadores e Porqueiros” o que talvez possa cativar algum leitor mais faminto…
Traduzir esta obra é uma aventura condenada ao fracasso tal é a violência da palavra escolhida, da imaginação verbal do autor, capaz de conciliar o inconciliável num universo em que dominava o antissemitismo, o dinheiro, o colonialismo.. o espírito burguês hipócrita e acomodado.
À medida que leio Belluaires… pressinto que por detrás se encontra um homem zangado, e por isso volto ao início dos capítulos à espera que cada palavra ilumine o motivo, esclareça a traição.
Atravesso as páginas, recuo e avanço, penso em desistir, até que percebo que para Léon Bloy o anúncio da morte de Deus era um´anátema e que, visceralmente católico, condena todos aqueles que se arvoram como pilares da igreja… uma igreja que ignora o Paul Verlaine, autor de SAGESSE (1881)… o único POETA CRISTÃO.
O olhar fixo num espelho feito de símbolos, L. Bloy, manipula a língua como se a palavra fosse o único caminho para a conversão, de comunhão… e por isso tantos se deixaram persuadir: Alfred Jarry, Louis Ferdinand Céline, George Bernanos, Marc- Edouard Nabe…
No que me diz respeito, continuo surpreendido pelo olhar daquele que, medíocre aluno, medíocre empregado, desejou um dia ser pintor, tendo alternado entre o misticismo e a revolta, mergulhado na pobreza extrema, por vezes classificado como anarquista de direita, mas que, no essencial, recusava o fenecer das almas.
E essa não deixa de ser uma questão central!
1.9.12
O regresso da TROIKA
Depois dos banhos, o regresso à terra. A TROIKA voltou para cobrar o que nos emprestou, independentemente do empobrecimento geral ou, mesmo, da fome.
A escola perde professores e irá perder alunos. A saúde tem menos utentes e o país ficará cada vez mais doente.
Tudo envelhece fora de tempo, exceto a Serra do Barroso que, descabelada, espera que a chuva regresse…
Eu espero pelo Dilúvio!