19.11.12

Dia XXXVI

 ( Redação de um conto)
A hipótese de adoção de uma criança por um «casal de namorados» de um dia para o outro obriga a novo esclarecimento terminológico e cultural. A hipótese narrativa é inverosímil, pois socialmente os namorados não se podem candidatar à adoção...; por outro lado, estes processos são demorados. Assim, foram explicadas as noções de verosimilhança e de inverosimilhança como processos de validação do discurso, deixando de lado as noções de verdade e de mentira ( nos domínios: narrativa literária / narrativa cinematográfica).
Por outro lado, o termo "casal", também foi explicado em termos da formação CAS(A) + AL, tendo o sufixo o valor de "conjunto de casas"- aceção primeira; CASAR= CASA + AR, ação de juntar casas / património... o que torna inadequado que se refira um "casal de namorados". Em alternativa, teremos um " par de namorados", mas que não poderá canditar-se à adoção, entre outros motivos porque falta o património...
(Contrato de leitura: Em causa a apreciação crítica da Viagem do Elefante)
O que é que se espera do leitor? A atitude crítica pressupõe a capacidade de discriminar, de separar linhas de força: por exemplo, o milagre de um elefante que ajoelha ao passar defronte de uma igreja. Para o narrador, o gesto do paquiderme foi cuidadosamente preparado pelo cornaca que, posto à prova pelo clérigo, sabia que não podia falhar... E esse saber resulta da personagem ter sucessivamente atravessado diversas culturas, todas elas assentes numa ideia de superioridade de raiz divina... Vejamos, então, como é que o leitor reage a este tipo de personagem! Acompanha-a na denúncia da manipulação a que igreja católica submete o povo - alienando-o... Ou não pode fazê-lo porque a sua própria educação o confina a visão miraculosa do seu mundo?
No essencial, a apreciação crítica coloca em cena o leitor e a sua visão do mundo, pelo que não se justifica qualquer importação do pensamento alheio ( por exemplo da contracapa ou da badana!).    
 
De regresso às Folhas Caídas, de Almeida Garrett, foram dois os textos em análise; O Anjo Caído e Este Inferno de Amar. Apesar de líricos, os dois poemas obedecem a técnica de composição diferenciada: o primeiro de tipo narrativo; o segundo de modo dramático, senão argumentativo. O hibridismo de género literário é um dos traços do romantismo.
No Outono da vida ( folhas caídas), o sujeito lírico inesperadamente reencontra o amor no «anjo sem luz» ou nuns «olhos ardentes». E os poemas são cenário da divisão entre a consciência moral / o padrão cultural e o desejo, fruto do momento fulgurante que desenterra o sujeito para a VIDA... Mesmo no Outono da Vida, o amor é «esta chama que alenta e consome». Tudo é prazer, tudo é alegria, mesmo que o amor seja efémero... Vale a pena comparar a definição com a de Camões, traduzida de Petrarca: « o amor é fogo que arde sem se ver!»
                                                 (Da alegria no Outono da Vida - «Dava o Sol tanta luz!»)       
 

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