21.11.12

Dia XXXVIII

1851 - Almeida Garrett seleciona as folhas (os poemas) já a a antecipar a imortalidade e por isso queima umas  e reune, em coleção, aquelas que o aproximam do IDEAL (IGNOTO DEO). Deixa de lado as composições que o mostravam no palco, diante de um público inebriado pela vaidade. Esse era o tempo da juventude, o tempo da Lírica de João Mínimo e das Flores sem Fruto!
As folhas que iam dando forma ao «sonho de oiro do poeta» constituem um produto diferente, porque gerado pela imaginação orientada pelos valores da BELEZA, da LUZ, da VERDADE, afinal a essência desse "deus desconhecido" / o IDEAL que o poeta pretende servir e que ele bem sabe que só pode demandar longe das «vulgares turbas» e das « coisas vãs e grosseiras». Ele o poeta que cultivou a cidadania como nenhum outro em qualquer tempo português. Ele que anunciou Antero e Pessoa e ainda permitiu que Nobre e Pascoaes dele se nutrissem.
 
«Deixai-o passar, gente do mundo, devotos do poder, da riqueza, do mando, ou da glória. Ele não entende bem d'isso, e vós não entendeis nada d'elle.»
                                                         ADVERTÊNCIA do autor de FOLHAS CAÍDAS
 
 (Irrita este tempo da enunciação em que, paradoxalmente, o texto é despojado dos seus co-textos!Um tempo antipedagógico! Um tempo que expulsa Garrett e quer cultuar Camilo!)
 
 
 
 
  

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