Quando a leitura da narrativa de um acontecimento exige o conhecimento de um extenso referencial - caso do regicídio de 1 de fevereiro de1908 - a legibilidade impõe um esclarecimento detalhado das referências enunciadas, caso contrário, arriscamo-nos a perder o leitor.
Veja-se o texto de Raul Brandão (Manual Português 10, páginas 32-33). Em duas páginas, feito o levantamento das referências topográficas e históricas, surgem as seguintes zonas de penumbra: Livraria Ferreira; Fialho (de Almeida); Artur de Melo; Jorge O'Neill; Rua da Mouraria; Praça da Figueira; Armando Navarro; Malaquias de Lemos; Vila Viçosa; o Rei; o Príncipe; Ramalho (Ortigão); Duquesa de Palmela; João Franco; S. Carlos; Vasconcelos Porto; Arcada; Ministério do Reino; Fazenda; Rua de S. Julião; Buiça; Alfredo Costa; Francisco Figueira; Correia de Oliveira; Rainha...
Se o leitor for lisboeta, talvez não se perca na topografia da cidade. Mas fora da capital tudo será diferente!
Quanto ao conhecimento de História, sendo cada vez mais desprezado, não se vê como é que a memória poderá ajudar o leitor...
Bem sei que o texto foi selecionado como exemplo de memória! Mas que memória procuramos construir se deitarmos fora o autor, o leitor e o referencial que os poderia alimentar?
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