A - Atos ilocutórios. A surpresa do conceito é suprida pela retoma dos conceitos de locução, locutor, interlocutor. E voltamos à relação de interlocução. Ao afirmar "Nós não trabalhamos.", o enunciado expõe um ato de fala em que o locutor envolve o interlocutor na constação de que a falha é coletiva (EU+TU). Ora este enunciado é um exemplo claro de um ato ilocutório assertivo. O mesmo enunciado pode tranformar-se num ato ilocutório expressivo "Nós não trabalhamos!" ou num ato ilocutório diretivo "Ponham-se a trabalhar!" ou num ato ilocutório compromissivo " Prometemos trabalhar."... Só falta o ato ilocutório declarativo!
Neste caso, surgiu a dúvida se o ato assertivo não seria declarativo - dúvida inteligente, resultante da tradicional tipologia da frase... Por outro lado, tornou-se também necessário distinguir FRASE de ENUNCIADO. A metáfora de serviço foi a seguinte: os ramos da árvore desenraizada correspondem à frase; por seu turno, os ramos da árvore enraizada correspondem ao enunciado. O que diferencia os ramos é a SEIVA (A VIDA). O enunciado tem vida. Em resposta à pergunta: - Para que servem os atos ilocutórios? A resposta saiu breve: PARA MUDAR O MUNDO. O enunciado pode mudar o mundo, ao contrário da frase que só ganha importância numa gramática descritiva e estéril.
B - Contrato de leitura. Apresentação oral de A Casa na Duna, de Carlos de Oliveira. A jovem aluna não teve qualquer pejo em declarar que não gosta da narrativa, mas, surpresa, revelou ter lido com muita atenção o romance, e soube dar conta dos aspetos mais importantes, selecionando excertos adequados.
C - Na aula de Literatura, os poemas em análise: Gozo e Dor; Ignoto Deo. E também excertos do poema em prosa SOLIDÃO e da ADVERTÊNCIA de FOLHAS CAÍDAS.
Em Gozo e Dor, a estratégia discursiva assenta no recurso à dramatização argumentativa em que à amorosa satisfação da mulher, o sujeito lírico discorda, não certamente porque rejeite o "gozo", mas porque a plenitude arrasta a "dor" - uma particular forma de alienação, de morte ou de loucura:
Sinto que se exaure em mim / Ou a vida - ou a razão.
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