6.1.13

A deriva neológica

A neologia raramente é uma necessidade. Ela nasce de uma deriva, da preguiça ou do esquecimento. Claro que o engenho humano necessita de novos termos para os novos brinquedos que vão substituindo os antigos!
Quanto ao esquecimento, basta uma geração para que o que era moda desapareça definitivamente. Há na literatura um número significativo de autores esquecidos, fruto da migração para as cidades e da desertificação do interior. Com eles morreram a língua e os valores ancestrais!
Quanto à preguiça, a falta de tempo para a comunicação presencial e à distância conduz a registos lexicais minimalistas e a um empobrecimento do léxico, arrasadores dos modos de raciocinar e, sobretudo, de argumentar.
Finalmente, a deriva é um mecanismo mais profundo que arrasa a visão do mundo. Por exemplo, na costa do Índico, situa-se Moçambique, antiga colónia / província portuguesa, mas poucos sabem que, anteriormente, essa região se chamaria Ma Sambuco (aglomeração de navios). Aquela costa nunca deixou de seduzir os povos: chineses, fenícios, árabes, indianos, portugueses, ingleses...
Todo este argumentário para quê? Simplesmente para lembrar que o neologismo "eurismo" é fruto da deriva de um povo que se esqueceu, por preguiça, da sua origem portuária, preferindo passar a periferia da Europa do capital.    

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